O presidente Jair Bolsonaro cobrou nesta quinta-feira que o Mercosul avance na negociação para redução da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul e que os acordos comerciais fechados nos últimos meses, com União Europeia e Efta, sejam implementados rapidamente para que o bloco não perca mais oportunidades.
"Outro fator determinante para nossa inserção no comércio mundial é o imposto aplicado sobre nossas exportações. A taxação excessiva à competitividade é prejudicial a quem produz. O Brasil confia na abertura comercial como ferramenta de desenvolvimento, e insiste na necessidade de reduzir ou revisar a TEC", disse o presidente na abertura da reunião de presidentes da cúpula do Mercosul.
A revisão da TEC foi uma das frustrações do governo brasileiro durante seu período à frente do bloco. No início do ano, a equipe econômica chegou a anunciar que pretendia terminar a revisão até o final deste ano. Segundo os negociadores, chegou-se a um acordo do que os países pretendem apresentar, mas nem se começou a negociar uma alteração.
A mudança de governo na Argentina, com a ascenção do peronista Alberto Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, criou o temor de que a revisão será paralisada mais uma vez, como aconteceu na outra única tentativa, em 2010.
Em seu discurso, o presidente argentino Mauricio Macri, que deixa o cargo em cinco dias, defendeu a necessidade de que a agenda de acordos do bloco seja continuada, mas não citou seu sucessor.
"A agenda da competitividade é impostergável", defendeu Macri. "Estou convencido que não existe futuro para a Argentina ou para a região sem uma integração inteligente."
Como Bolsonaro, Macri defendeu rapidez na implementação dos acordos comerciais já assinados para que o bloco não perca mais oportunidades, e esse é mais um temor dentro do Mercosul com o governo de Fernández.
Assinados durante a presidência de Macri, os acordos foram feitos com uma Argentina com uma visão mais liberal. A visão kirchnerista das negociações com a União Europeia sempre foi mais fechada, e pode haver resistência na ratificação do texto pelo novo governo.
Diplomatas brasileiros adotam um tom de cautela sobre a posição do novo governo argentino, e afirmam que é necessário esperar que os argentinos tomem pé da situação e sentem para conversar antes de apostar em retrocessos.