O presidente Jair Bolsonaro voltou a dar sinais nesta quarta-feira de tentativa de suavizar a relação com a Argentina sob o governo do presidente Alberto Fernández, mas, ao mesmo, criticou a escolha do ministro da Defesa do país vizinho.
Durante cerimônia na Confederação Nacional da Indústria (CNI) em que recebeu a ordem do mérito industrial, Bolsonaro começou afirmando que gostaria que "tudo dê certo na Argentina", mas então faz uma ressalva sobre a escolha de Fernández para a pasta da Defesa.
"Se bem que lamento a escolha de um ministro da Defesa general de brigada. Tem que ser um general de Exército, ou um almirante de esquadra ou um tenente-brigadeiro do ar. Ou até um civil que seja. Mas a maneira que se começa a tratar as coisas, mexer com aquilo que está dando certo, creio não ser a melhor decisão", disse o presidente.
Agustín Rossi, indicado por Fernández para a Defesa, é, na verdade, um civil. É engenheiro, deputado federal desde 2005 e líder do bloco Frente para a Vitória, que fez oposição ao ex-presidente Mauricio Macri. Ele também foi ministro da Defesa no governo de Cristina Kirchner, hoje vice de Fernández.
A crítica foi mais uma em uma série de comentários de Bolsonaro sobre questões internas da Argentina que ampliaram um desgaste na relação com Fernández desde as eleições no país vizinho.
Recentemente, depois de sinais do lado argentino de que o novo presidente estaria tentando amenizar a relação com o Brasil, Bolsonaro também baixou o tom. Apesar de ter declarado que não iria à posse de Fernández e depois chegar a cancelar a ida do ministro Osmar Terra, voltou atrás e enviou o vice-presidente Hamilton Mourão.
Na terça-feira, durante seu discurso de posse, Fernández citou o Brasil e disse querer construir uma agenda "ambiciosa" com o país, acima da "diferença pessoal de quem governa".
Em sua fala na CNI, Bolsonaro lembrou que o Brasil foi o único país citado nominalmente pelo presidente argentino, e disse que espera ver a Argentina dar certo.
"Mas acredito e espero que a Argentina dê certo. Afinal são, aqui na América do Sul, nosso grande parceiro comercial. O Brasil foi o único país citado no discurso do presidente Fernández e estamos prontos a implementar o mais rápido possível nosso acordo com a União Europeia", disse.
"A Argentina tem muito a nos oferecer, o Brasil tem muito a oferecer à Argentina também, e pode ter certeza de uma coisa: o nosso governo só estará feliz quando todos os demais irmãos nossos da América do Sul viverem em liberdade e democracia."