O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira que avalia a realização de uma reunião com governadores para discutir a volta paulatina das atividades nos estados que adotaram medidas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus.
Em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band, Bolsonaro disse que há interesse de sentar à mesa com governadores para decidir como será realizada essa volta.
Mais uma vez, o presidente defendeu que é preciso tratar da saúde e da vida, mas não se pode esquecer do emprego. Ele avaliou que a atual situação leva a uma perda de receita dos Estados e provocou na entrevista.
"Duvido que os governadores possam pagar a folha de maio", disse.
DESCULPAS
O presidente pediu desculpas por ter republicado em uma rede social um vídeo que um homem falava de desabastecimento de uma central de alimentos em Belo Horizonte. O presidente posteriormente apagou a postagem. Disse que não houve a "devida checagem do evento" e acrescentou que parece que aquela central de abastecimento do vídeo estava em manutenção.
Ainda assim, Bolsonaro afirmou que tem caído o fluxo de entrada de alimentos e espera que não caia mais ainda.
"Se chegar a um ponto de interrupção da produção, pode levar de 60 a 90 dias para retornar a produção de hortifrutigranjeiros", avaliou.
O presidente ainda cutucou o fato de a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigá-lo a seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O apresentador mencionou durante a entrevista que o relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, havia dado um prazo de 48 horas para o governo responder antes de tomar uma decisão.
Bolsonaro respondeu que, se a OAB está achando que todo mundo tem que ir para o isolamento horizontal, "me desculpe OAB, nós vamos sucumbir juntos".
O isolamento horizontal é quando todas as pessoas são atingidas por medidas de restrição de locomoção, ao contrário do isolamento vertical, que tem sido defendido por Bolsonaro, em que apenas idosos e portadores de doenças pré-existentes, ficariam isolados.
"Não adianta colocar a faca no meu pescoço. Isso é democracia", disse ele, para quem o Supremo não seria o foro adequado para buscar uma solução sobre o assunto.