Presidente afirma que não é possível acabar com o desflorestamento e com as queimadas, minimizando dados mais recentes do Inpe, que apontaram aumento recorde de destruição do bioma.O presidente Jair Bolsonaro minimizou os números mais recentes sobre o desmatamento na Amazônia que apontam para um recorde de destruição entre agosto de 2018 e julho de 2019, dizendo se tratar de uma questão "cultural".
"Você não vai acabar com o desmatamento nem com as queimadas. É cultural", afirmou o presidente nesta quarta-feira (20/11) ao ser questionado sobre o tema quando deixava o Palácio do Planalto.
Dados revelados pelo Programa de Cálculo Desflorestamento na Amazônia (Prodes), o sistema de monitoramento por satélites operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelaram que, ao todo, o bioma perdeu uma área de 9.762 km² (equivalente a sete cidades do Rio de Janeiro). É a maior taxa de desmatamento registrada desde 2008.
Esse aumento percentual de 29,5% também foi o terceiro maior da história, ficando atrás apenas das altas de 1995 (95%) e 1998 (31%). O período avaliado inclui sete meses do governo Bolsonaro.
Na terça-feira, ao ser perguntado também sobre o desmatamento recorde, o presidente se esquivou de comentar sobre o tema. Ele questionou se as mesmas perguntas seriam feitas para Marina Silva, quando ela era ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, época em que, segundo Bolsonaro, também houve um recorde de desmatamento.
"Não pergunta pra mim não. Não pergunta não, [o ministro do Meio Ambiente] Ricardo Salles está aí, conversa com ele", disse Bolsonaro em uma cerimônia em homenagem ao Dia da Bandeira. Marina Silva esteve à frente do Ministério entre janeiro de 2003 e maio de 2008, quando foi substituída por Carlos Minc.
Na segunda feira, após o diretor interino do Inpe, Darcton Policarpo Damião, anunciar os números mais recentes sobre o desmatamento, Salles tentou minimizar o conteúdo dos dados. "O número está seguindo uma tendência de aumento desde 2012", afirmou.
A taxa, porém, ficou pelo menos 1.500 km² acima da tendência de aumento do da devastação que vinha sendo registrada desde 2012. Segundo o Inpe, se o desmatamento continuasse na mesma tendência dos últimos anos, a área destruída teria sido de 8.278 km².
Questionado sobre os motivos que impulsionaram a alta da destruição na Amazônia, Salles afirmou que "não é verdade" que o discurso de governo de Jair Bolsonaro tenha incentivado o desmatamento na região.
RC/ots
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