Bolsonaro diz que não se pode vincular caso de senador com dinheiro na cueca ao governo

15 out 2020 - 19h57
(atualizado às 20h27)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que não se pode querer vincular o caso envolvendo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado na véspera com dinheiro na cueca em operação realizada pela Polícia Federal, como se fosse um caso de corrupção do seu governo.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto
14/10/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto 14/10/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Rodrigues era um dos vice-líderes do governo no Senado até esta quinta, quando deixou o cargo após a operação policial autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que envolveu suspeita de desvio de recursos federais remetidos para o governo de Roraima no enfrentamento à Covid-19.

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Em transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro reconheceu que o senador "gozava de prestígio" e lamentou o ocorrido. Mas, em vários momentos, buscou se desvincular do caso.

O presidente disse ainda que há 18 vice-líderes do governo na Câmara e no Senado e que Rodrigues foi afastado. Protestou que "alguns" --sem precisar quem-- querem dizer que o "caso de Roraima" seja do governo que comanda porque o senador era "meu vice-líder".

"Aconteceu esse caso, lamento. Hoje ele foi afastado da vice-liderança. Agora, querer vincular o fato de ele ser vice-líder à corrupção no governo não tem nada a ver", disse.

"Esse caso não tem nada a ver com meu governo, repito, meu governo são ministros, estatais e bancos oficiais" reforçou.

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Oficialmente, a saída de Chico Rodrigues da vice-liderança se deu "a pedido", ou seja, ele não foi destituído do cargo de confiança, mas sim saiu por conta própria

Também nesta quinta, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento por 90 dias das funções de parlamentar do senador. Na decisão vista pela Reuters, Barroso determinou a comunicação ao Senado, a quem cabe decidir se vai manter ou não o afastamento do parlamentar.

Em nota, o senador disse que deixaria a vice-liderança para "aclarar os fatos e trazer à tona a verdade", e afirmou que vai provar que "nada tenho haver com qualquer ato ilícito de qualquer natureza".

Em sua transmissão nas redes sociais, mais uma vez o presidente disse não haver casos de corrupção no seu governo, ao contrário do que ocorria em gestões anteriores, segundo Bolsonaro.

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"Meu governo, até o momento, não tem corrupção. Pode até ser que apareça, mas até o momento é zero", defendeu.

Ao lado de Bolsonaro, os ministros da Justiça, André Mendonça, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, defenderam a atuação do governo nessa área.

Mendonça, a quem a PF é hierarquicamente vinculada, disse que investigações apontam que autoridades em alguns Estados têm feito aplicação irregular de recursos destinados a combater a Covid-19. Segundo ele, no caso de Roraima, verificou-se possíveis irregularidades na aplicação de recursos repassados para a Secretaria de Saúde estadual.

O presidente disse ainda que "com toda certeza" haverá novas operações da Lava Jato até o final do ano, e destacou que não tem como alguém achar que dá para controlar a Polícia Federal.

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