O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que não se pode querer vincular o caso envolvendo o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado na véspera com dinheiro na cueca em operação realizada pela Polícia Federal, como se fosse um caso de corrupção do seu governo.
Rodrigues era um dos vice-líderes do governo no Senado até esta quinta, quando deixou o cargo após a operação policial autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que envolveu suspeita de desvio de recursos federais remetidos para o governo de Roraima no enfrentamento à Covid-19.
Em transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro reconheceu que o senador "gozava de prestígio" e lamentou o ocorrido. Mas, em vários momentos, buscou se desvincular do caso.
O presidente disse ainda que há 18 vice-líderes do governo na Câmara e no Senado e que Rodrigues foi afastado. Protestou que "alguns" --sem precisar quem-- querem dizer que o "caso de Roraima" seja do governo que comanda porque o senador era "meu vice-líder".
"Aconteceu esse caso, lamento. Hoje ele foi afastado da vice-liderança. Agora, querer vincular o fato de ele ser vice-líder à corrupção no governo não tem nada a ver", disse.
"Esse caso não tem nada a ver com meu governo, repito, meu governo são ministros, estatais e bancos oficiais" reforçou.
Oficialmente, a saída de Chico Rodrigues da vice-liderança se deu "a pedido", ou seja, ele não foi destituído do cargo de confiança, mas sim saiu por conta própria
Também nesta quinta, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o afastamento por 90 dias das funções de parlamentar do senador. Na decisão vista pela Reuters, Barroso determinou a comunicação ao Senado, a quem cabe decidir se vai manter ou não o afastamento do parlamentar.
Em nota, o senador disse que deixaria a vice-liderança para "aclarar os fatos e trazer à tona a verdade", e afirmou que vai provar que "nada tenho haver com qualquer ato ilícito de qualquer natureza".
Em sua transmissão nas redes sociais, mais uma vez o presidente disse não haver casos de corrupção no seu governo, ao contrário do que ocorria em gestões anteriores, segundo Bolsonaro.
"Meu governo, até o momento, não tem corrupção. Pode até ser que apareça, mas até o momento é zero", defendeu.
Ao lado de Bolsonaro, os ministros da Justiça, André Mendonça, e da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, defenderam a atuação do governo nessa área.
Mendonça, a quem a PF é hierarquicamente vinculada, disse que investigações apontam que autoridades em alguns Estados têm feito aplicação irregular de recursos destinados a combater a Covid-19. Segundo ele, no caso de Roraima, verificou-se possíveis irregularidades na aplicação de recursos repassados para a Secretaria de Saúde estadual.
O presidente disse ainda que "com toda certeza" haverá novas operações da Lava Jato até o final do ano, e destacou que não tem como alguém achar que dá para controlar a Polícia Federal.