O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, responsável pela prisão do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, afirmou, em entrevista à ANSA, que o presidente Jair Bolsonaro é uma "ameaça" para a democracia.
Suspenso da magistratura por ter ordenado escutas ilegais, Garzón é mundialmente reconhecido como defensor dos direitos humanos e também apurou crimes do regime franquista e casos de corrupção no principal partido de centro-direita da Espanha.
"Acho que existe um risco para a democracia brasileira com o surgimento desse fenômeno bolsonarista de ultradireita ou neofascista", declarou o ex-juiz da Audiência Nacional, tribunal sediado em Madri.
Garzón também comparou Bolsonaro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini e ao líder do partido de extrema direita espanhol Vox, Santiago Abascal. "Pode-se esperar qualquer coisa deles", disse.
O ex-juiz ainda criticou o discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e afirmou que ele cometeu "frivolidade" ao dizer que a Amazônia não é patrimônio da humanidade. "Ninguém no mundo está questionando que o Brasil seja soberano nessa região", acrescentou.
Conhecido por suas posições de esquerda, Garzón fez na semana passada uma conferência na sede em São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e visitou o ex-presidente Lula na cadeia, em Curitiba. Posteriormente, viajou à Bolívia e foi recebido pelo mandatário Evo Morales.