O presidente Jair Bolsonaro exonerou Mauricio Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, segundo edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, em meio a uma crise com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que fará um pronunciamento no final desta manhã.
Moro ameaçou deixar o cargo se não puder escolher pessoalmente o novo chefe da PF, segundo informou à Reuters na véspera uma fonte com conhecimento do assunto.
A declaração do ministro acontecerá no auditório de sua pasta em Brasília, às 11h, informou o ministério.
De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial, a exoneração de Valeixo ocorreu "a pedido". O documento não nomeia um substituto para o cargo.
Valeixo foi uma escolha pessoal de Moro e é homem de confiança do ministro, que foi juiz da primeira instância na operação Lava Jato em Curitiba quando o agora ex-diretor-geral da PF era superintendente da corporação no Paraná.
Na quinta-feira, uma fonte com conhecimento direto do assunto disse à Reuters que Valeixo deixaria o comando da Polícia Federal e que Moro trabalharia para indicar seu substituto.
De acordo com essa fonte, que falou sob condição de anonimato, o ministro não aceitaria a escolha de um nome escolhido por Bolsonaro ou uma indicação política.
Se isso ocorrer, de acordo com essa fonte, Moro deve deixar o governo.
A saída de Valeixo do comando da PF ocorre após o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura de um inquérito para apurar atos organizados no domingo que pediram o fechamento da corte, do Congresso e uma intervenção militar.
Bolsonaro discursou em um dos atos em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília. O presidente, no entanto, não é alvo da apuração, que será conduzida pela PF e foi requerida pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.
O presidente também se aproximou nas últimas semanas de parlamentares do centrão, grupo de influentes partidos no Congresso e que têm parlamentares como alvo da operação Lava Jato.