O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar nesta terça-feira em um risco de "ruptura institucional" ao insistir que ministros do Supremo Tribunal Federal estariam tomando decisões inconstitucionais, e repetiu que pedirá ao Senado o impeachment de Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
"Nós continuamos dentro das 4 linhas (da Constituição). Do lado de lá já saíram das 4 linhas, em alguns momentos já saíram. A gente espera que volte para a normalidade. Que ninguém quer uma ruptura. Uma ruptura tem problemas internos e externos, o mundo pode levantar barreiras comerciais contra a gente, causar um caos aqui dentro", disse em entrevista a uma rádio de Mato Grosso.
"E eu tenho que agir dentro das 4 linhas apesar de alguns, como o senhor Alexandre de Moraes, como o senhor Salomão do TSE, estarem fora das 4 linhas. Agora onde é o limite disso? Eu sou leal ao povo brasileiro. O povo vai estar na rua dia 7", acrescentou.
Mais cedo, Bolsonaro usou suas redes sociais para postar parte do discurso que fez na segunda-feira a militares durante o treinamento realizado em Formosa (GO), ao qual a imprensa não teve acesso. De novo ali, falou em "ruptura".
"Não existe entre nós o compromisso maior do que aquele de servir a pátria, de buscar a normalidade, a tranquilidade, a ponderação. Jamais nós seremos os motivadores de qualquer ruptura ou medidas que tragam intranquilidade ao povo brasileiro", afirmou.
O próprio Bolsonaro convocou seus apoiadores a organizarem uma manifestação na avenida Paulista, em São Paulo, como "último recado" a Barroso, a quem vê hoje como um de seus principais inimigos por ser contrário à proposta de adotar o voto impresso pra urnas eletrônicas. Em conversa com apoiadores, disse que se organizassem o ato ele se "disporia a ir".
De acordo com fonte ouvida pela Reuters, apesar de não admitir em entrevistas, Bolsonaro já confirmou presença em São Paulo e também em um ato em Brasília na manhã de 7 de setembro.
Na entrevista, o presidente disse ainda que "o povo que tem que nos dar o norte do que devemos fazer".
Recentemente, Bolsonaro enviou em sua lista de transmissão de mensagens um texto chamando seus apoiadores para o ato em que se falava em necessidade de muito apoio para um possível "contragolpe" no país.
Os atos que estão sendo organizados nas redes sociais e de mensagens dos grupos bolsonaristas têm como principal mote a defesa do voto impresso e a destituição completa do STF, dos 11 ministros.
Na entrevista, Bolsonaro afirma que negou que critique o STF como um todo, mas que faz críticas "pontuais" e isso "faz parte da democracia".
"O que nós políticos temos em mente, temos que ouvir o povo, é a voz do povo que tem de dar norte para nós. O que não pode é alguns ministros se tornarem dono do mundo, dono da verdade. Quando eu falo do ministro Barroso e do ministro Alexandre estou falando de dois ministros do Supremo. Então quem diz que eu ataco os 11 ministros não está falando a verdade", afirmou.
Apesar das tentativas de aliados de fazer com que Bolsonaro baixe o tom ou ao menos desista ele mesmo de apresentar o pedido de impeachment dos ministros, ele reafirmou que vai fazê-lo.
"Essa semana temos novidades pela frente. Eu vou entrar com um pedido de impedimento dos ministros no Senado. O local é lá. O que o Senado vai fazer? Está com o Senado agora, independência. Não vou agora tentar cooptar senadores, de uma forma ou de outra, oferecendo uma coisa para eles etc. etc. etc., para votar o impeachment deles", disse.