Em encontro virtual na manhã desta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro pediu a empresários que "joguem pesado" com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e disse que o que acontece no Brasil neste momento "é guerra".
"Então o que parece que está acontecendo é uma questão política, tentando quebrar a economia, para atingir o governo. É isso que parece que está acontecendo", disse Bolsonaro.
Em seguida, o presidente comenta a possibilidade do governo de São Paulo implementar o lockdown, medida de isolamento mais restritiva, o que classificou de inimaginável.
"Um homem está decidindo o futuro de São Paulo, está decidindo o futuro da economia do Brasil. Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra. É o Brasil que está em jogo", reclamou.
Bolsonaro voltou a dizer que os governadores que não cumprem seus decretos estabelecendo atividades essenciais --o mais recente incluiu academias e salões de beleza na lista-- estão cometendo desobediência civil, mas que ainda é possível reverter o que prevê como um caos na economia nos próximos meses.
"Dá tempo ainda. Nós temos poucas semanas para buscar pontos de inflexão. É igual um comandante em batalha: ele tem que decidir. Vai morrer gente? Infelizmente, vai morrer gente. Infelizmente, de qualquer maneira, com blecaute (sic) ou não, vamos continuar perdendo vidas. Agora a quantidade de vidas que vai se perder lá na frente pelo caos na economia, por esse lockdown na economia, vai ser muito, mas muito maior", afirmou.
Bolsonaro disse ainda que tem conversado com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo Silva, sobre suas previsões de "caos, saques de supermercados, desobediência civil".
"Não adianta querer convocar as Forças Armadas, que não vamos ter gente para tanta GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Não existe gente para tanta GLO", afirmou.
O presidente repetiu que pode conversar com empresários, governadores, presidentes de outros Poderes, mas que é preciso encontrar uma solução "para ontem".
"E se continuar o empobrecimento da população, como está acontecendo, daqui a pouco seremos iguais na miséria. E a miséria é o terreno fértil para aparecerem aqueles falsos profetas, aquelas pessoas que podem levantar a borduna e partir, fazer com que o Brasil se torne um regime semelhante à Venezuela. Isso é uma realidade. E não é que nós não queremos, nós não podemos admitir isso", disse.
Doria reagiu às declarações feitas pelo presidente nesta quinta e disse que Bolsonaro "despreza vidas".
"Hoje, mais uma vez, o presidente da República perde a chance de defender a saúde e a vida dos brasileiros. São Paulo está lutando para proteger vidas", disse o governador paulista.
"O presidente Jair Bolsonaro despreza vidas. Ele prefere fazer comícios, andar de jet ski, treinar tiros e fazer churrasco. Enquanto isso, milhares de brasileiros estão morrendo todos os dias", acrescentou.
IMPRENSA
Sem citar os veículos, Bolsonaro voltou a pedir aos empresários que cortem os anúncios em TV e jornal que "esculhambam o Brasil".
"Por favor, não anunciem mais nessa televisão e nesse jornal. Vão para outras TVs e outros jornais que tenham um jornalismo sério, que não fiquem levando o terror o tempo aos lares aqui no Brasil", disse.
Embora não tenha citado os nomes nesta reunião, Bolsonaro já criticou publicamente diversas vezes a cobertura da TV Globo e do jornal Folha de S.Paulo.