O governo brasileiro aceitou uma doação de 10 milhões de libras (cerca de 51 milhões de reais) do Reino Unido para o combate às queimadas na Amazônia, informaram nesta terça-feira (27/08) o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto.
O envio havia sido anunciado pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na segunda-feira (26), após a reunião dos líderes do G7. "Numa semana em que todos nós observamos, horrorizados, a Amazônia queimar perante nossos olhos, não podemos fugir à realidade dos danos que infligimos à natureza", afirmou o premiê em nota.
A oferta foi formalizada em telefonema entre o secretário de Estado britânico, Dominic Raab, e o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, na condição de que o dinheiro seja aplicado sob orientação do governo brasileiro. As questões técnicas envolvendo o emprego desse recursos ainda não foram decididas pelas autoridades brasileiras.
O aceite da ajuda britânica ocorre em meio a uma prolongada troca de farpas entre o presidente Jair Bolsonaro e o líder francês, Emmanuel Macron, tendo como pano de fundo a situação na Amazônia.
Bolsonaro chegou a dizer que apenas aceitaria a ajuda de 20 milhões de dólares (82,5 milhões de reais) oferecida pelos países do G7 e anunciada por Macron após a cúpula do último fim de semana, em Biarritz, se o presidente francês retirasse os "insultos" proferidos contra a sua pessoa.
Após a enorme repercussão de um comentário ofensivo feito pelo brasileiro sobre a primeira-dama da França, Macron elevou o tom das críticas e disse esperar que os brasileiros "tenham logo um presidente à altura do cargo".
O líder francês havia dito na sexta-feira passada que Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do meio ambiente e que a França se opõe ao acordo de livre-comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul em razão das políticas de Brasília para o meio ambiente.
Após a condição imposta por Bolsonaro, o Palácio do Planalto suavizou o posicionamento do governo. Nesta terça-feira, o porta-voz do presidente, Otávio Rêgo Barros, disse que o Brasil "não rasga dinheiro" e que o país "está aberto a receber dos órgãos internacionais, dos países, verbas, desde que a governança seja nossa".
"Esses apoios e esses recursos financeiros devem ser acolhidos pelo governo brasileiro. E pelo governo brasileiro, pela governança brasileira, ser empregados", disse Rêgo Barros.
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