Os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, e do Chile, Heraldo Muñoz, afirmaram nesta quinta-feira que os dois governos assinarão um acordo para troca de informações sobre o que aconteceu período ditatorial em ambos os países. A formalização do ato ainda não tem data para ocorrer, mas o chanceler brasileiro sinalizou que será nos moldes de acordos já firmados com a Argentina e com o Uruguai.
“Vamos assinar um acordo para que essa troca de informações seja muito mais completa e vamos, do nosso lado, procurar investigar tudo que for possível para que a Comissão da Verdade possa fazer seu trabalho”, disse Muñoz a jornalistas.
Ele se referia à visita da Comissão Nacional da Verdade do Brasil ao Chile no fim deste mês. O grupo, incumbido de desvendar violações de direitos humanos, buscará informações sobre mortos e desaparecidos políticos brasileiros no país.
“Temos duas presidentes que sofreram diretamente as consequências desses regimes. Portanto, a troca de informações entre nossos governos é muito emblemática”, disse o ministro Figueiredo.
Prontos para fazer intercâmbio de dados
Tanto Dilma Rousseff como Michelle Bachelet foram presas durante a vigência de regimes ditatoriais nos dois países.
“O passado não pode ser esquecido. Temos de fazer justiça e acho que o o que o Brasil tem feito é admirável”, acrescentou Muñoz.
Ele lembrou que brasileiros perseguidos pelo regime no Brasil se exilaram no Chile e quando um golpe similar ocorreu no país, torturadores daqui foram enviados a Santiago na busca desses brasileiros. Mais tarde, a Operação Condor sistematizou a cooperação entre as ditaduras da região.
“Há dados e estamos prontos para entregar tudo para que a Comissão da Verdade possa fazer o seu trabalho”, disse o chanceler chileno.