A poucos dias da Cúpula do G20, no Rio e Janeiro, os negociadores brasileiros focam nos parágrafos geopolíticos da declaração final do encontro, com a intenção de incluir menções às guerras na Ucrânia e em Gaza e a necessidade de chegar à paz, mas sem garantias de que será possível ainda um texto comum.
"Estamos negociando com os demais países os parágrafos sobre geopolítica que constarão da declaração. Na declaração da presidência que acompanha as reuniões ministeriais foi destacado que dois temas que seriam tratados seriam a guerra na Ucrânia e a questão palestina", explicou o negociador brasileiro no G20, embaixador Maurício Lyrio.
"Já há uma discussão entre os governos para chegar a uma linguagem consensual. A mensagem principal é que naturalmente é a mensagem de que precisamos chegar a paz, não apenas nestes conflitos mas em todos", completou.
O tema, especialmente da guerra da Ucrânia, tem sido espinhoso nas discussões do G20, já que a Rússia, que invadiu o país em 2022, é um dos membros do grupo. O governo brasileiro quer uma mensagem sucinta focando na necessidade de acordos de paz, mas sem entrar em condenações a qualquer dos lados.
Lyrio confirmou que a Rússia será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. O presidente russo, Vladimir Putin, tem uma ordem internacional de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional e o governo brasileiro, assim como outros países signatários do TPI, não tem como garantir que o pedido não seja cumprido se Putin vier ao Rio.
Do outro lado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, também não está entre os convidados para a cúpula, apesar de ter pedido para ser incluído. O país não faz parte do G20 e o governo brasileiro, que decide os convidados, optou por não incluir a Ucrânia.
"A negociação de paz não é o tema da cúpula", disse Lyrio.
A cúpula acontece entre os dias 18 e 19 deste mês e, entre países membros do G20 e convidados, e organizações internacionais, são esperados 55 diferentes convidados.