Brasileira suspeita de crime no Japão tem destino incerto

28 mai 2014 - 08h50
(atualizado às 10h08)
A japonesa desapareceu há dois meses e seu corpo foi encontrado com várias perfurações
A japonesa desapareceu há dois meses e seu corpo foi encontrado com várias perfurações
Foto: Reprodução

Sem um acordo de extradição de prisioneiros entre China e Japão, é incerto o destino da brasileira suspeita de envolvimento no assassinato de enfermeira Rika Osada, 29 anos, cujo corpo foi enviado por um serviço de entrega expressa.

Como ela é apenas suspeita no caso, o nome não foi divulgado pela polícia. A brasileira de 29 anos está detida em Xangai, na China, acusada de entrada ilegal no país - depois de se entregar ao Consulado japonês na cidade.

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O Ministério das Relações Exteriores do Japão fez um pedido de extradição da brasileira, mas os dois países não possuem um tratado bilateral nessa área. E o fato de ela ter a nacionalidade brasileira complica ainda mais o caso.

A polícia de Osaka, que suspeita do envolvimento da brasileira no assassinato da enfermeira e quer interrogá-la, enviou à China um pedido de extradição acusando-a de ter usado um passaporte falso para sair do país.

TV japonesa capturou imagens da brasileira nas ruas de Xangai, na China
Foto: Reprodução

Muitos jornais japoneses publicaram opiniões de especialistas em direito internacional que se disseram pessimistas em relação a um possível acordo diplomático neste caso. As relações entre China e Japão andam muito estremecidas e, por essa razão, muitos acreditam que a jovem pode vir a ser extraditada para seu país de origem, o Brasil.

O professor de Direito da Universidade Kinki, Norio Tsujimoto, disse ao jornal Yomiuri que existe ainda a possibilidade do Brasil - após eventual solicitação do Japão - pedir à China a deportação da brasileira.

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A BBC Brasil entrou em contato com a embaixada brasileira em Tóquio para saber se o governo japonês já fez alguma consulta oficial, mas foi informada de que não será feita ainda nenhuma declaração sobre o caso.

Japão e Brasil também não têm acordos nesta área. O governo brasileiro em princípio não extradita seus nacionais, mesmo que foragidos da polícia em outros países. Uma equipe da TV japonesa Fuji registrou imagens da brasileira na China. Segundo a reportagem, ela estava em Xangai desde o dia 25, na casa de uma amiga chinesa que teria viajado com ela.

Na manhã do dia 27, ela foi vista conversando com a amiga na rua e, logo depois, voltou para a casa, trocou de roupa e foi ao consulado-geral do Japão para se entregar.

O caso

O caso teve início com o desaparecimento da enfermeira, que vivia em Osaka, há dois meses. No dia 21 de março, ela não apareceu mais ao hospital onde trabalhava. Pouco antes de sumir, ela tinha escrito em uma conta na rede social que iria se encontrar com uma amiga a quem não via havia muitos anos.

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O corpo de Rika Okada foi encontrado cerca de 300 quilômetros longe de onde morava, dentro de uma caixa de papelão de 2 metros.

Ela foi enviada por serviço expresso de encomendas e, no formulário de entrega, o conteúdo da caixa foi descrito como sendo uma "boneca". O endereço onde chegou o pacote é de um apartamento alugado em nome de uma brasileira.

A polícia encontrou o corpo dentro de um contêiner alugado, na cidade de Hachioji, subúrbio da capital japonesa, próximo ao apartamento da brasileira.

Os investigadores suspeitam que a jovem possa estar envolvida no assassinato. Ela viajou no começo deste mês para Xangai, na China, usando um passaporte japonês falso, e não retornou mais ao país. A empresa transportadora disse que o pacote foi enviado de Osaka em nome de Rika.

Segundo divulgou a polícia, o depósito onde estava o corpo foi alugado também em nome da japonesa morta e pago com o cartão de crédito dela. Os investigadores descobriram mais de uma dezena de perfurações em seu corpo, possivelmente feitas com uma faca, mas não encontrou ferimentos defensivos nos braços.

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A polícia aguarda o laudo técnico, mas suspeita-se de que o corpo de Rika tenha ficado quase um mês na casa da brasileira até ser transportado para o contêiner. Por isto, os investigadores não descartam o envolvimento de terceiros, já que a jovem não teria como ter carregado o corpo da enfermeira até o depósito alugado, que fica a cerca de 500 metros do apartamento.

Amigas de infância

A brasileira e a enfermeira Rika eram amigas de escola. Em fevereiro, haviam se encontrado depois de 10 anos. Segundo o pai da suspeita, entrevistado pelo jornal Yomiuri, eles não conversavam com a filha há mais de três anos. "O que aconteceu? Gostaria de perguntar isso a ela", disse ao periódico.

A brasileira se mudou para o Japão com a família quando tinha 7 anos. Entrou em uma escola japonesa, onde conheceu Rika. Há cerca de três anos, a brasileira se mudou para o subúrbio da capital japonesa, onde dividia um apartamento com uma ex-universitária chinesa.

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