O cearense Rosier Alexandre que sobreviveu ao acidente mais violento da história do Everest irá prosseguir com a expedição de escalar a maior montanha do mundo. A informação foi dada pela mulher do montanhista na manhã deste sábado. "Conversei com ele por volta da 1h da madrugada via internet. Eles estão muito abalados, o clima é de muita comoção no campo-base, mas ele se reuniu com a equipe e decidiram que vão continuar. Todas as equipes estão se ajudando muito", informou Danubia Pereira, que também faz a assessoria de Rosier.
O brasileiro estava no campo-base do Everest (5.350 metros), abaixo dos acampamentos atingidos pela avalanche. Mesmo assim, três pessoas que integravam a equipe de Rosier morreram no acidente. De acordo com a Danubia, o cearense disse que a informação repassada a eles no local da tragédia é de 14 mortos. Todos eles seriam sherpas, guias nativos contratados para ajudar nas escaladas dos alpinistas. Os socorristas ainda buscam por desaparecidos. Para a mulher do brasileiro, a questão psicológica a ser enfrentada após a tragédia tornará o desafio ainda maior.
"Helicópteros chegam a todo momento com os corpos, é de arrepiar. É uma imagem muito triste. Mesmo com toda essa cena, ele irá seguir. Ele se prepara há 10 anos. É um sonho, com um investimento alto, dedicação e planejamento. E na montanha eles lidam muito com a morte. Eles avaliaram que todos vão permanecer, desde que as condições de segurança não estejam comprometidas", reforçou.
Como a trilha de escalada foi bloqueada pela neve, os montanhistas estão abrindo um novo caminho para fazer a subida, que acreditam ser mais seguro. "O risco ainda existe, mas o que aconteceu foi uma fatalidade porque as avalanches ocorrem no período da tarde e essa foi no final da madrugada. Foi fora do comum", disse Danubia.
A previsão inicial de chegada ao topo em 20 de maio está mantida, apesar do acidente. O brasileiro havia chegado no dia 13 ao acampamento, e o planejamento é que ele atingisse no domingo o ponto onde ocorreu a avalanche.
Descendente de uma família de agricultores, Rosier nasceu em Taipa, zona rural do Ceará, e trabalhou no campo até os 15 anos. Ficou conhecido quando se tornou o primeiro montanhista do Norte/Nordeste a escalar o Aconcágua (6.962 metros), a maior montanha da terra fora da Ásia.
O brasileiro está executando o projeto Sete Cumes, que consiste na escalada da maior montanha de cada continente. Seis etapas já foram cumpridas - o último desafio é o Everest. "Quero pedir a todos que façam orações por ele, para que consiga vencer também esse desafio", completou Danubia.