Os médicos do Distrito Federal iniciaram nesta sexta-feira uma greve por conta de uma polêmica proposta das autoridades regionais de pagar "em cotas" os salários dos funcionários.
O governador Rodrigo Rollemberg, que assumiu o cargo no dia 1 de janeiro, explicou que a polêmica proposta obedece à "urgente" necessidade de equilibrar as contas públicas, após receber a administração da capital brasileira com dívidas de R$ 3,1 bilhões.
"Nos deixaram uma bomba", disse o governador, do opositor Partido Socialista Brasileiro (PSB), que atribuiu a responsabilidade da atual situação a seu antecessor, Agnelo Queiroz, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Segundo a equipe de Rollemberg, Queiroz entregou a administração da cidade com apenas R$ 64 mil em caixa, o que "nem sequer permitiu começar a pagar" as dívidas.
Em 1 de janeiro, o Governo de Brasília ainda não tinha pago os salários e nem os bônus de muitos de seus empregados e essa situação ainda persiste em muitos setores da administração pública regional.
Perante os reiterados protestos e problemas de caixa, o Governo propôs pagar todos os salários em "cotas" nos dias 5, 15 e 24 de cada mês até outubro, para quando as autoridades calculam que as contas públicas estarão em ordem.
Além disso, até outubro seriam pagas, também em cotas, todas as dívidas que o Governo tem com seus empregados por conceito de salários e bônus atrasados.
O Sindicato de Médicos do Distrito Federal foi o primeiro a rejeitar essa proposta e anunciou uma greve por tempo indeterminado a partir de hoje mesmo para denunciar a "ilegalidade" que representa pagar os salários dessa maneira.
"A lei estabelece que os salários de todos os trabalhadores devem ser pagos integralmente antes do dia 5 de cada mês", declarou Gutemberg Fialho, presidente desse sindicato.
"As pessoas têm compromissos todo início de mês e muitas contas para pagar", acrescentou o dirigente sindical, que assegurou que os médicos, além de paralisar suas tarefas, pretendem comparecer aos tribunais para denunciar o que consideram "claramente ilegal".
À decisão dos médicos podem se somar os sindicatos de professores das escolas públicas e outros setores que dependem do Governo direta ou indiretamente.
A presidente do sindicato de professores, Rosilene Correa, declarou aos meios de comunicação locais que proporá a greve em uma assembleia que será realizada na próxima semana.
Segundo Correa, a proposta de pagar os salários em cotas "é inaceitável, porque todo o mundo tem planificada sua vida e seus pagamentos", que no caso dos serviços públicos, como eletricidade ou água, ou de aluguéis, vencem nos primeiros dias de cada mês.
"Ainda quando sejam da administração anterior, o governo está tentando transferir seus problemas de gestão aos trabalhadores", afirmou Correa.