Caso Evandro: Beatriz Abagge comemora decisão que a inocentou de morte do menino

Beatriz Abagge e mais 3 pessoas foram absolvidas da morte do menino Evandro Ramos, que ocorreu em 1992; ela pede julgamento de torturadores

13 nov 2023 - 18h00
(atualizado às 18h44)
Beatriz Abagge foi entrevistada no programa 'Encontro'
Beatriz Abagge foi entrevistada no programa 'Encontro'
Foto: Reprodução/TV Globo

Inocentada após 31 anos da morte do menino Evandro Ramos, Beatriz Abagge comemorou a decisão tardia, mas reforçou que ainda há uma batalha para vencer. Durante o programa Encontro, da TV Globo, desta segunda-feira, 13, a filha do então prefeito de Guaratuba disse que espera que os policiais que a torturaram sejam julgados e responsabilizados pelo que aconteceu.

"A nossa luta terminou agora com a vitória de absolvição. E acho que começa uma nova luta para responsabilizar as pessoas que nos torturaram", disse.

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Beatriz contou que, quando soube da decisão favorável a ela e aos outros três condenados pela morte de Evandro, só soube sorrir. Já sua mãe, Celina Abagge, que também foi torturada, chorou muito.

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"Ela chorou bastante. Eu só sabia sorrir. Eu não estava acreditando naquilo, principalmente quando eu vi o voto do Ministério Público, porque, pela primeira vez em 31 anos, eles admitiram 'não, elas foram torturadas'", afirmou Beatriz.

O pedido para anular as condenações foi embasado em fitas de áudio que vieram à tona em 2021 e que revelam que os acusados foram torturados por policiais militares, para que fizessem uma falsa confissão de que teriam assassinado Evandro, segundo publicado na decisão.

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A tortura

Durante o programa matinal, Beatriz também relembrou as torturas que viveu. Segundo ela, ainda há marcas em seu corpo até hoje. "Nos meus dedos tenho marcas do choque elétrico e em outras partes do meu corpo", disse. Além dos choques, ela contou ter sofrido com afogamentos e violência de cunho sexual.

As memórias do que passou naquela época não surgem de maneira linear. Beatriz explicou que o cérebro dela apagou algumas coisas, por causa do trauma. "Eu tenho flashs, tudo que eu conto, que eu contei no júri de 2011, eu fiz um diário e fui contando", disse.

Ela e os outros três acusados, Davi dos Santos Soares, Osvaldo Marcineiro e Vicente de Paula Ferreira (morto em 2011) foram absolvidos com a anulação das condenações. Apesar de também ter sido forçada a confessar o crime, Celina Abagge não chegou a ser condenada, porque o crime já estava prescrito para ela, depois de ter completado 70 anos.

Fonte: Redação Terra
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