China acusa Eduardo Bolsonaro de ameaçar relação entre países

Nota de repúdio foi divulgada após post de deputado sobre 5G

25 nov 2020 - 07h39
(atualizado às 07h54)

A Embaixada da China no Brasil acusou Eduardo Bolsonaro, filho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, de realizar declarações "infames" e "infundadas" sobre Pequim, além de colocar em risco a relação entre as duas nações.

Eduardo Bolsonaro é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara
Eduardo Bolsonaro é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A reação ocorreu logo depois que o deputado federal publicou na última segunda-feira (23) uma mensagem sobre o 5G, internet móvel de quinta geração, nas redes sociais, na qual faz acusações contra o país asiático.

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Na publicação, ele afirma que o governo brasileiro apoia uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China", indicando o Partido Comunista da China como "inimigo da liberdade". O conteúdo, porém, foi apagado nesta terça(24).

"O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China", escreveu.

Eduardo ainda insinuou invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas. "Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China", disse o deputado.

Em nota, a Embaixada chinesa afirmou que a declaração "é totalmente inaceitável" e manifesta "forte insatisfação e veemente repúdio a esse comportamento".

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Segundo a representação diplomática, Pequim utilizou canais diplomáticos para realizar uma queixa formal.

"Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados", ataca Pequim. "Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas", aponta.

De acordo com o comunicado oficial, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil há 11 anos consecutivos e é também um dos países com mais investimentos no país.

"Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil", disse.

"Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura", acrescentou Pequim.

A Embaixada ainda pediu que "a retórica de extrema direita norte-americana" não seja seguida, que as desinformações e calúnias sobre o país asiático cessem. "Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil", completa.

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EUA -

Na nota de repúdio, a China explicou que são os americanos que fazem atos que poderiam ferir os interesses brasileiros, principalmente porque buscam uma "hegemonia digital exclusiva" por meio de bloqueio à empresa chinesa Huawei.

"Os EUA têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva.

Comportamentos como esses constituem uma verdadeira ameaça à segurança global de dados", complementou a embaixada.

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