A escassez de cilindros de oxigênio medicinal continua a preocupar Estados e municípios brasileiros, especialmente do interior. O governo do Mato Grosso emitiu uma nota nesta segunda-feira, 22, em que diz ter sido informado por duas empresas do setor sobre haver risco de desabastecimento em cerca de 50 municípios. Já o Paraná divulgou estimativa de necessitar de 1 mil cilindros para atender à demanda de prefeituras.
Há preocupação também em outros Estados, como Amapá, Rondônia e Minas Gerais. Em São Paulo, um levantamento apontou que ao menos 54 municípios estão com "estoque crítico".
Na semana passada, o general Ridauto Lúcio Fernandes, assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, admitiu que o País está com risco iminente de desabastecimento em municípios do interior e de alguns Estados. "A expectativa da falta perigosa desses produtos na ponta da linha, nos pequenos hospitais, é de poucos dias", declarou.
Segundo a Secretaria de Saúde do Mato Grosso, dois distribuidores privados que atendem aproximadamente 50 municípios alertaram o Estado nos últimos três dias sobre "dificuldade de logística" para atender à demanda. Isso teria ocorrido em parte após uma mudança do abastecimento do produto de Cubatão, em São Paulo, para o Rio.
"O fato está causando um tempo maior de transporte e, com isso, risco de desabastecimento. Neste momento não existem veículos disponíveis no País para ampliação da frota", disse em nota, na qual também afirma ter procurado o Ministério da Saúde para garantir o abastecimento.
A secretaria destacou, ainda, que tomou "todas as providências necessárias" para garantir o fornecimento dos hospitais estaduais. "Entre as medidas adotadas estão os aditivos contratuais, aumento de reservatórios e diálogo com fornecedor sobre logística. Apesar do consumo 250% maior que a média normal, neste momento, o abastecimento na rede estadual está garantido", apontou.
Dentre os que enfrentam escassez de oxigênio, está Diamantino, município de 22 mil habitantes a cerca de 200 quilômetros de Cuiabá. Em comunicado, a prefeitura local alegou ter sido informada pelo fornecedor de ter estoque suficiente para apenas mais um dia.
Para amenizar a crise, um hospital local se dispôs a emprestar alguns cilindros para os pacientes do pronto atendimento municipal. "O desespero é grande", chegou a declarar a secretária municipal de Saúde, Marinêze de Araújo Meira. "Nós temos o dinheiro para comprar, possuímos meios para retirar, porém não há disponibilidade do produto no fabricante."
Em Pontes e Lacerda, cidade de 41 mil habitantes na fronteira mato-grossense com a Bolívia, a secretária de Saúde, Luana Aparecida de Souza fez um apelo por doações de cilindros industriais, para ter como reserva em caso de necessidade.
"Vim aqui falar com você que trabalha ou é proprietário de marcenaria, serralheria, frigorífico, mineração, locais onde se faz uso do oxigênio para solda. Nós estamos fazendo arrecadação, pedindo emprestado, o torpedo de oxigênio, para que a gente possa trocar o oxigênio industrial pelo oxigênio medicinal", declarou em postagem em rede social.
Paraná precisa de 1 mil cilindros de oxigênio
Também nesta segunda, a Secretaria da Saúde do Paraná reforçou que os hospitais, prontos-socorros e outras unidades de saúde de municípios do Estado precisam de cerca de mil cilindros de oxigênio. O governo recebeu 200 unidades cedidas pelo Amazonas.
"A necessidade de aproximadamente mil cilindros é sobre a demanda em torno do cenário que o Paraná enfrenta", apontou a secretaria em nota. "A vinda dos 200 cilindros do Amazonas é para atender pontualmente municípios que tiveram dificuldade com logística de abastecimento. Não há desabastecimento nas unidades próprias em toda a rede do Estado."