A advogada Amanda Partata, presa sob suspeita de provocar a morte por envenenamento do ex-sogro, Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e da mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 86, chegou a criar perfis falsos para ameaçar de morte o ex-namorado e a família dele, segundo informado pela Polícia Civil.
As vítimas morreram depois que a investigada levou alimentos para que a família tomasse café da manhã, em Goiânia, no estado de Goiás, no último domingo, 17.
A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), afirma que já tem elementos suficientes para concluir que as vítimas foram mortas por envenenamento causado pela advogada.
Em três dias de investigação, os policiais identificaram que a mulher presa teve um relacionamento com o filho de Leonardo e neto de Luzia, por um mês e meio. As investigações apontam que ela teria ficado insatisfeita com o fim do relacionamento e criou perfis falsos para ameaçar de morte o ex-namorado e a família dele.
O delegado Carlos Alfama explicou que, durante o meio do ano, em decorrência das ameaças, o ex-namorado de Amanda registrou um boletim de ocorrência na polícia. Nesse momento, no entanto, ele ainda não tinha conhecimento de que as ameaças e a perseguição eram provenientes da advogada.
Conforme relatado pelo delegado em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, 21, no dia do crime, a investigada passou no mercado, comprou o lanche para a família, retornou ao hotel onde estava hospedada e depois seguiu para o endereço onde o ex-sogro morava com os pais.
Ainda segundo aponta a polícia, ela permaneceu na casa da família por cerca de três horas e, depois, seguiu para a cidade onde mora, em Itumbiara.
No meio do caminho, a suspeita chegou a receber mensagens do ex-sogro, alegando que estava passando muito mal, assim como a mãe dele.
De acordo com as investigações, o homem queria alertar a ex-nora sobre os sintomas que ele e a mãe sentiam após o café da manhã, uma vez que ele acreditava que a investigada estaria grávida, versão que ela sustentava entre a família do ex-namorada. Exames, no entanto, já descartaram a gravidez da suspeita.
A polícia já esclareceu também que a investigada possui passagens em outros estados, incluindo falsa gravidez, com objetivo de enganar ex-companheiros. Ela também configura como parte em inquéritos sobre pornografia infantil, exercício ilegal de profissão e estelionato. As investigações continuam para esclarecer todos os pontos da prática criminosa, incluindo o produto utilizado para envenenar as vítimas.
O Terra tenta contato com a defesa da advogada, o espaço segue aberto para manifestações.
Entenda o caso
Após Leonardo e a mãe passarem mal surgiram especulações de que eles teriam sido intoxicados por comerem em uma famosa doceria de Goiânia, a Perdomo Doces. As investigações, no entanto, descartaram tal possibilidade posteriormente. Mãe e filho morreram com horas de diferença.
Leonardo Pereira Alves foi o primeiro a morrer. Em uma publicação em uma rede social, sua filha, Maria Paula Alves, lamentou a morte e deu detalhes sobre como tudo ocorreu. Segundo ela, o pai acordou, "comeu um alimento comprado em um estabelecimento famoso, mas acabou passando mal."
"Vomitou sem parar, por horas, buscou atendimento médico e, quando eu soube da situação, já havia ocorrido uma série de complicações que acabaram levando a óbito. Entre o primeiro sintoma até seu último suspiro não teve nem 12 horas", continuou Maria Paula.
Na mensagem, ela frisou que não queria apontar culpados, nem procurar motivos para a morte precoce do pai. "O texto é sobre o senhor ter sido --e ainda ser-- o maior exemplo de homem/pai que eu encontrei", escreveu na publicação feita na noite de domingo, 17.
Horas depois, Maria Paula informou que a sua avó também não resistiu e morreu na madrugada desta segunda-feira, 18: "Ontem minha vovó passou mal junto com meu pai, foi internada no mesmo momento, mesma UTI, aguentou mais tempo, mas hoje de madrugada foi acompanhar o meu papai no céu."
Leonardo era assistente de gestão administrativa na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores. A Polícia Civil de Goiás publicou uma nota em que lamenta a morte do servidor.