O advogado do empresário filmado atirando contra o carro de um casal em Boituva, no interior de São Paulo, alega que seu cliente foi perseguido antes de disparar. Em vídeos enviados ao Terra, Luiz Carlos Valsecchi afirma que o veículo em questão é blindado, portanto, não há tentativa de homicídio.
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O caso ocorreu na última sexta-feira, 14, na Rodovia Castello Branco, e o vídeo ganhou nas redes sociais. Adriano Domingues é quem aparece atirando contra o automóvel três vezes: uma em direção a passageira e outras duas no pneu.
“Na verdade [o casal] eram os reais perseguidores do meu cliente na estrada, colocando em risco, inclusive, a vida de outras pessoas”, defende Valsecchi.
Na versão apresentada pelo advogado, os dois veículos trafegavam pela rodovia quando seu cliente tentou uma ultrapassagem, mas foi impedido pelo veículo da frente, que seria o do casal. Quando conseguiu ultrapassar, o casal teria provocado uma batida, em uma velocidade alta, segundo a defesa.
“Quase um capotamento e já a partir daí os ânimos ficam acirrados entre os dois motoristas. Mais à frente é que acontece o evento onde o meu cliente, o Adriano, para o seu veículo e vai discutir com o causador dos problemas na rodovia. E é nesse momento que ocorre o saque da arma e o disparo”, explica.
Valsecchi reconhece que houve uso irregular da arma, mas rebate que tenha havido uma tentativa de homicídio, já que o vidro é blindado: “Quem é da área sabe que estamos diante do chamado crime impossível para a finalidade homicida.”
Ele pede para que a polícia analise as imagens da concessionária responsável pela rodovia “com a mesma velocidade que está tomando medidas neste procedimento”, para apurar quão verdadeira é a versão contada pelo casal.
Prisão decretada
No último domingo, 16, equipes da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Adriano, localizada em Mairiporã, na Grande São Paulo. Ele teve a prisão preventiva decretada, mas é considerado foragido pelas autoridades policiais por não ter sido localizado.
Na residência do atirador, os policiais apreenderam um cofre; uma tonfa, que é uma espécie de arma branca originária das artes marciais de Okinawa; e, também, o passaporte dele. Quando busca e apreensão, o advogado afirma que a casa de seu cliente “foi invadida” por policiais, que arrombaram o portão e a porta da frente do imóvel. “Podiam simplesmente ter tocado a campanhia”, alega.
Valsecchi confirmou à reportagem que já se manifestou nos autos contrário à ordem de prisão de Adriano, e que seu cliente será apresentado nesta semana à Polícia Civil. A arma dele já foi apresentada às autoridades.
“Conversei com a magistrada, com a promotora, disse que o imputado [Adriano] vai se apresentar, falei da devolução da arma, e disse que apresentaria hoje, como apresentei, um pedido para que a prisão seja revogada. Ele sairia livre, e não preso, em caráter cautelar, que é o que se pretende", finaliza.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do casal até o momento. O espaço permanece aberto para manifestações.
Entenda o caso
Adriano foi filmado dando três disparos com arma de fogo em um carro, na direção da passageira e no pneu do veículo. Foi decretada prisão temporária dele, que é considerado foragido. A polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Adriano em Mairiporã no último domingo, 16. Um cofre, uma tonfa (tipo de arma branca oriental), e o passaporte do empresário foram apreendidos. Ele não estava na residência.
A Polícia Civil informou que a ação se deu para o cumprimento de um mandado judicial de busca e apreensão no endereço. O veículo do suspeito foi apreendido no sábado, 15, em uma pousada de Piraju. A cidade fica a cerca de 215 km de Boituva, onde aconteceu a briga de trânsito na sexta-feira, 14.
Adriano fugiu antes da polícia chegar ao local. A esposa dele ainda estava lá, mas não foi detida porque não foi expedido mandado de prisão contra ela. Ela será ouvida pela investigação. O paradeiro do empresário ainda é desconhecido. As autoridades pedem que, caso a população tenha informações, que entre em contato pelo telefone 181 ou Disque Denúncia.