A defesa de Fernado Sastre de Andrade Filho, condutor do carro Porsche envolvido no acidente que resultou na morte do motorista por aplicativo Ornaldo da Silva Viana, afirmou -- em petição para que ele respondesse em liberdade -- que o réu sofre um "linchamento moral" e está preso de "modo ilegal e desproporcional".
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A informação é da coluna de Rogério Gentile, do Uol. Na petição à Justiça de São Paulo, os advogados Jonas Marzagão e Elizeu Camargo Neto, defensores do empresário de 24 anos, ressaltaram que ele é réu primário e que em nenhum momento tentou atrapalhar as investigações.
Segundo a defesa, Andrade é mantido preso por "pressão da mídia" e sofre um "linchamento moral, por parte da população insuflada pelos vazamentos e pelo sensacionalismo da mídia".
"Por conta da intensa atuação de parte da mídia e dos graves e criminosos vazamentos do processo que estava em sigilo, um acidente de trânsito, absolutamente lamentável, transformou um jovem de 24 anos, primário e trabalhador, no inimigo público número 1 desse país, como se todos os problemas fossem resolvidos com o seu encarceramento", afirmaram os advogados.
Marzagão e Camargo Neto negaram, ainda, que Andrade Filho estivesse alcoolizado e que, mesmo que fosse possível aferir a velocidade do carro de luxo no momento do acidente, 'tal situação revelaria uma eventual imprudência, nada além disso'.
O pedido para que o réu respondesse em liberdade foi negado pelo desembargador João Augusto Garcia, relator do processo. Na devolutiva, o magistrado afirmou que "a ordem pública deve ser preservada, pela gravidade dos fatos e visando-se evitar a reiteração no descumprimento às normas de conduta de trânsito que levam risco à coletividade". O julgamento do mérito do processo ainda não aconteceu.
Relembre o caso
No dia 31 de março, o empresário Fernando Sastre de Andrade Filho conduzia um Porsche, avaliado em mais de R$ 1 milhão, quando bateu na traseira de um Renault Sandero. O acidente matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, que dirigia o carro popular.
A batida aconteceu por volta das 2h da manhã na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Depois de colidir com o veículo de Ornaldo, Fernando fugiu do local. Ele estava com um amigo, o estudante de medicina Marcus Vinícius, no momento do ocorrido. O jovem ficou gravemente ferido e chegou a ser internado.
O condutor do Sandero até chegou a ser socorrido com parada cardiorrespiratória para o Hospital Tatuapé, mas morreu por conta de "traumatismos múltiplos".
Uma informação importante para as investigações é sobre o possível consumo de bebidas momentos antes da batida. Isso porque uma comanda mostra que o jovem chegou a gastar R$ 600 em consumo de bebidas alcóolicas em um restaurante da capital paulista pouco antes do acidente.
Também foram divulgadas imagens de câmera de monitoramento que registraram o momento em que a garçonete de um restaurante retira os copos de bebidas alcoólicas da mesa de Andrade Filho.
O empresário foi até o local com a namorada, o amigo Marcus e a companheira dele, Juliana. Depois de ficar três horas no estabelecimento, os dois casais seguiram para uma casa de pôquer. Segundo os depoimentos coletados pela Polícia Civil, eles ficaram cerca de 2h30 na casa de jogos, até que começou uma discussão na saída.
Para a polícia, Marcus e Juliana relataram que Fernando bebeu e que a discussão era para que ele não dirigisse, pois estava “alterado”. No entanto, o motorista do carro de luxo e a namorada negam a informação.