Água racionada, medo e lama: relato do carnaval que virou tragédia

Grupo de amigos teve dificuldade para encontrar comida e se dividiu após chuvas no litoral de São Paulo

20 fev 2023 - 21h10
(atualizado às 21h26)

Virou praticamente uma tradição, se tem carnaval, um grupo de amigos troca o interior pelas praias de São Paulo. A viagem para Juquehy, programada com grande antecedência, era cercada de grande expectativa. A turma esperava por sol, bons drinks e memórias de mais um feriado junto. Porém, desta vez, o livro de recordações ganhou relatos dramáticos, de quem viveu de perto a maior chuva da história do litoral paulista.

O grupo de 11 amigos passou o domingo sem saber o que fazer. A localização da casa alugada dividia sentimentos. Por um lado, o alívio por saber que o planalto não permitia o alagamento. Por outro, o morro ao fundo trazia a apreensão de um desmoramento que poderia levar tudo o que estivesse pela frente.

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Os transtornos começaram na madrugada. Goteiras tomaram conta da residência. Um dos quartos ficou completamente tomado pela água. "Nunca vi tanta chuva e com tanta intensidade por tanto tempo seguido", relembrou a enfermeira Bruna Rosolen, que acordou assustada às 4h de domingo com a tempestade. 

Chuvas causaram destruição em Juquehy
Chuvas causaram destruição em Juquehy
Foto: Arquivo Pessoal

Sem saber como iriam voltar para casa, eles viviam o alívio de estar em aparente segurança. Além de poderem desfrutar de alguns 'luxos', como: internet, energia elétrica e água. Tudo isso constratava com as informações de destruição ao lado, era lama, inundações e registros de morte crescendo.

Em um primeiro momento, a turma preparou a refeição do domingo com o que sobrou do churrasco do dia anterior. O principal mercado de Juquehy estava fechado. "Uma amiga nossa foi em uma vendinha aqui perto, ela só conseguiu comprar três latas de leite condensado, uma lata de achocolatado, um saco de carvão e um pacote de bolacha", contou Rosolen. 

Garantir água potável era uma preocupação dos amigos. Já imaginando que poderia ser difícil abastecer o carro, a bancária Denise Breda saiu cedo na busca por um posto de gasolina: "Quando eu cheguei, não tinha fila, mas depois já tinha muita gente. Conseguimos comprar água em uma loja de coveniência, mas eles estavam restringindo a quatro garrafas de 500ml por pessoa. Tinha uma mulher que queria comprar da garrafa grande. O pessoal local não tem mais onde morar e os turistas não respeitando, tem que ter noção, né?".

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Além da água, ela conseguiu comprar dois pacotes de macarrão. Na volta para casa, uma barraquinha na rua vendia frutas, verduras e legumes. A bancária comprou tomate e cebola para o molho do macarrão. 

Temporal deixa Litoral de SP debaixo d'água e com transtornos
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O sol que acompanhou a chegada da segunda-feira dividiu o grupo de amigos. Rosolen, Breda e mais dois integrantes da turma optaram por arriscar e tentar voltar para casa. O imóvel alugado não tinha mais água encanada. O vaso sanitário só funcionada com a ajuda da água da piscina. 

Na estrada, muita lama e destruição. Para Rosolen, "é muito triste, ainda não conseguimos ter a dimensão de tudo o que passamos esses dias. No fim, temos que agradecer que conseguimos voltar para casa em segurança". Ela ainda ressaltou a importância das doações, já que os estabelecimentos comerciais não tem previsão de quando vão reabrir ou funcionar normalmente.  

Fonte: Redação Terra
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