O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), reduziu a verba destinada às escolas para comprarem materiais e cortou o cargo de coordenador pedagógico nas instituições prioritárias (com baixas notas ou em áreas vulneráveis). As informações são da Folha de S. Paulo, que recebeu reclamações de diretores e professores da capital e do interior sobre falta de suprimentos, até mesmo de papel higiênico, para os alunos.
De acordo com as fontes ouvidas pelo jornal, as escolas haviam ficado três meses sem recursos (de novembro a janeiro). Neste ano, ele voltou a ser pago, mas com valores de 30% a 50% menores.
Um diretor de Sorocaba contou à publicação que recebia R$ 3 mil mensais e agora consegue menos de R$ 2 mil. Os professores locais começaram a pedir para os alunos levarem seus próprios pinceis, cartolinas e guaches. Outro de Limeira afirmou que, após ter a verba mensal diminuída de R$ 2 mil para R$ 1 mil, os docentes passaram a organizar "vaquinhas" para comprar materiais.
Outras queixas
Além de desaprovar o corte dos coordenadores de apoio pedagógico (que eram responsáveis por ajudar na implementação do currículo e na orientação de professores, por exemplo), os professores da rede estadual também se queixam do congelamento no processo de evolução na carreira, que concede aumento de 5% no salário dos educadores que concluem cursos. Outra reclamação é em relação ao reajuste salarial de 10,5% aos aprovados em um exame de 2014, que ainda não foi realizado.
Posicionamento do Governo
Procurada pela Folha, a Secretaria Estadual da Educação disse que reduziu a verba porque parte do recurso não era utilizado e que cortou a função de coordenador para que esses professores "voltem às salas de aula". O governo negou ainda que tenha congelado a evolução da carreira dos servidores e alegou que o reajuste aos servidores aprovados no exame em 2014 deve ser feito até abril, de forma retroativa.
Em comunicado enviado ao Terra, a secretaria contestou as informações. "A Secretaria da Educação do Estado informa que é incorreto afirmar que as escolas estaduais estão sem verba para os suprimentos. Para este ano são R$ 60 milhões disponíveis, além dos R$ 24 milhões mensais para as empresas responsáveis pela limpeza e insumos, recursos monitorados e acompanhados pela Pasta. Todas as escolas estaduais contam com mecanismos que auxiliam na gestão escolar. Não é verdade também que as escolas estão sem professores-coordenadores. As unidades permanecem com 3,1 mil profissionais na função e os que voltam para sala de aula poderão lecionar no programa de reforço", disse.