Após alta em 2018, registros de união entre gays têm queda

Apesar disso, número mantém patamar alto em comparação com 2017: mais de 9 mil casais resolveram formalizar união no ano passado

9 dez 2020 - 10h10
(atualizado às 10h32)

RIO - Os dois meses finais de 2018, após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, ficaram marcados pelo aumento radical no número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, que tinham medo de o então presidente eleito adotar medidas que dificultassem a união, o que não ocorreu. Após o aumento de 62% naquele ano em comparação com o anterior, os registros caíram em 2019, primeiro ano de Bolsonaro à frente do Palácio do Planalto. Apesar disso, continuam em patamar bem acima do registrado até 2017.

Após alta de casamentos gays em 2018, registros de união de pessoas do mesmo sexo têm queda
Após alta de casamentos gays em 2018, registros de união de pessoas do mesmo sexo têm queda
Foto: Fabio Martins / Futura Press

Divulgada nesta quarta-feira, 9, a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, depois do pico de 2018, os números interromperam a trajetória de ascensão anual que vinha sendo consolidada. Isso pode ser explicado pelo fato de muitos casais terem antecipado para antes de Bolsonaro assumir o cargo cerimônias que estavam marcadas para o ano seguinte.

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Foram, no ano passado, 9.056 casamentos entre pessoas do mesmo sexo, ante 9.520 no ano anterior. Ao contrário dos vínculos entre sexos diferentes, esses casos cresciam ano a ano, na contramão da tendência geral de queda de casamentos. Mesmo com a diminuição no ano passado, o número ainda é bem maior que os 5.887 observados em 2017 - o que mostra como os registros pós-eleição de Bolsonaro envergaram para cima a curva.

Quando são considerados todos os tipos de casamento, o Brasil voltou a observar uma diminuição. Foi a quarta queda consecutiva na comparação anual - desta vez, 2,7% de diferença negativa em relação ao ano anterior. Ao todo, pouco mais de 1 milhão de casais se formaram em 2019 no País.

Outra mudança que vem ocorrendo é a idade com que as pessoas se casam - cada vez mais velhas. Aos poucos, começa a haver maior incidência nos casos de homens e mulheres com mais de 40 anos que decidem se juntar. No caso dos homens, um a cada quatro já está nessa faixa etária; entre as mulheres, cerca de uma a cada cinco.

"O próprio divórcio possibilita que as pessoas casem novamente. As pessoas, principalmente as mulheres, passaram a ter novas prioridades, como estudar mais ou ter um emprego melhor. Existe, sim, uma tendência a postergar o casamento para depois dos 40", aponta a analista do IBGE Klívia Brayner de Oliveira, gerente da pesquisa.

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Essa mudança na vida das mulheres também tem levado a outra tendência: mães cada vez mais velhas. Atualmente, 37% das mulheres que dão à luz têm mais de 30 anos, sendo 3,4% acima dos 40. O patamar das que se localizam na faixa etária dos 30 ao 34, inclusive, já é quase igual ao das de 20 a 24 - com 21% versus 24%. O que se vê, portanto, é uma linha quase achatada dos 20 aos 34 anos, intervalo de idade em que sete a cada dez brasileiras têm filhos.

O Norte é a área do Brasil que mais preocupa em relação a mulheres que dão à luz muito jovens. Enquanto o País tem 14% de mães com menos de 20 anos, a região apresenta cerca de 20% nessa faixa etária.

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