Após denúncias, Medicina da USP proíbe festas e álcool

26 nov 2014 - 13h57
(atualizado às 16h08)
Diretor da faculdade de medicina da USP, José Otávio Auler Junior
Diretor da faculdade de medicina da USP, José Otávio Auler Junior
Foto: Janaina Garcia / Terra

A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) suspendeu por tempo indeterminado as festas de alunos e o consumo de álcool na instituição. A medida foi anunciada nesta quarta-feira pela Congregação da Medicina, órgão máximo da faculdade, em resposta às denúncias de abuso sexual e outros tipos de violência que alunas do curso relataram ter sofrido. O caso veio à tona em audiências públicas na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) e é investigado pela Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, do Ministério Público estadual.

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A medida foi um dos apontamentos feitos em um relatório levado à Congregação pela comissão montada na faculdade para avaliação das denúncias. Entre os problemas apontados no documento, além da violência sexual, estão ainda situações de abuso moral, coação, discriminação de gênero e orientação sexual, além de intolerância étnica e religiosa, além do consumo excessivo de álcool e drogas.

"O maior debate foi sobre a questão do álcool", declarou o  diretor da faculdade, José Otávio Auler Júnior. "Aqui só vai poder tomar refrigerante", disse.

Na reunião, da qual participaram pouco mais de cem pessoas – dentre as quais, seis representantes de alunos, e, o restante, docentes –, também foi decidida a instalação de uma ouvidoria na faculdade e um núcleo de direitos humanos para receber denúncias de violação. Segundo o diretor, a proposta é que alguém de fora da universidade, integrante da sociedade civil organizada, seja convidado a presidir o órgão. A reportagem apurou que um representante da Comissão Nacional da Verdade foi cogitado durante a reunião para chefiar o posto. "Será uma pessoa de fora porque não temos nada a esconder da sociedade", declarou Auler Júnior.

"A gente tem um centro acolhimento e assistência social, tem médicos, tem psiquiatras, a gente acolhe (os alunos). As pessoas não querem denunciar não sei por quê", afirmou o diretor, ao negar omissão ou falta de vontade política da faculdade em investigar as denúncias -- que só vieram à tona via Alesp e MP. Um dos relatos de abuso sexual, segundo a vítima, uma aluna do curso, refere-se a 2011. "Essa aluna veio relatar isso à minha pessoa apenas dia 10 ou 11 de novembro (passado)", resumiu.

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Atualmente, informou Arles Júnior, a instituição tem em andamento quatro sindicâncias: uma que investiga denúncia de racismo, e três, denúncias de assédio.

Sobre as situações expostas pelas alunas do curso na audiência da Alesp, o diretor alegou ter pedido cópia delas já no dia seguinte (ou seja, em 12 de novembro), por escrito, ao presidente da comissão de Direitos Humanos da Casa, deputado Adriano Diogo (PT), mas ainda não teria recebido o material. "Irei à Alesp após essa Congregação – já solicitei ao nobre deputado que me mande, pois não posso ir lá buscar; isso tem que seguir um rito administrativo", alegou.

Fonte: Terra
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