Após desabamento, 3 imóveis vizinhos permanecem interditados em SP

Modelista de uma loja de aluguel de roupas esteve no local e teve ajuda dos bombeiros para retirar trajes que serão utilizados em casamento

28 ago 2013 - 14h03
(atualizado às 14h26)
Bombeiros ajudam a retirar vestidos de loja interditada
Bombeiros ajudam a retirar vestidos de loja interditada
Foto: Bruno Santos / Terra

Após uma vistoria realizada na manhã desta quarta-feira, a Defesa Civil do Estado de São Paulo manteve três imóveis interditados na região da avenida Mateo Bei, em São Mateus, na zona leste da capital paulista. No local, uma obra desabou na manhã de ontem e provocou a morte de pelo menos oito operários. Duas pessoas, desaparecidas, seguem procuradas pelo Corpo de Bombeiros entre os escombros.

Das 27 vistorias realizadas desde o momento do acidente, seis imóveis foram interditados em um primeiro momento, mas três deles foram liberados por apresentarem apenas danos considerados leves. Dos três imóveis interditados, um deles é locado por uma pastelaria, enquanto no andar de cima, há duas salas: uma de um consultório dentário e outro de uma loja de aluguel de roupas.

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Nesta manhã, a modelista Neli Mendes Franco, 62 anos, compareceu ao local na tentativa de retirar alguns trajes que estão alugados para o fim de semana. Segundo ela, havia no local roupas para um casamento e para uma festa de 15 anos. "É um transtorno. Há clientes que já me ameaçaram por quebra de contrato, caso eu não consiga honrar meu compromisso", disse ela.

A escada que dá acesso à loja foi destruída por conta do desabamento. Somente os bombeiros tiveram acesso ao local conseguiram tirar algumas roupas de dentro do prédio.

"Lá tem vestido de noiva, roupa do noivo, da florista e de outros convidados". Depois de cerca de uma hora, ela conseguiu retirar a maioria das peças. Os bombeiros informaram que no local há uma parede que pode desabar e que a entrada dela não seria permitida em nenhuma hipótese.

Outro que teve o seu imóvel interditado foi o comerciante Francisco Maurílio Pinheiro, que passou a noite na casa de familiares. "Não sobrou praticamente nada na minha casa, apenas uma televisão e um sofá. Nunca pensei em uma situação dessa. Não posso entrar nem retirar nada de lá", disse ele, que varria a calçada no momento do desabamento.

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"Saí correndo, com as pedras batendo em mim. Esse é o tipo de coisa que a gente nunca imagina que vai acontecer. Só tinha visto coisa parecida pela televisão", disse.

Cães farejadores

O Corpo de Bombeiros usa cães farejadores para auxiliar na localização das vítimas soterradas durante o desabamento ocorrido na manhã de terça-feira. As buscas contam com o apoio de cinco cadelas, sendo três da raça pastor belga Malinois e outras duas da raça labrador. Os trabalhos dos animais foram iniciados após os bombeiros delimitarem as áreas seguras para circulação no local.

Cães estão preparados para encontrar vivos ou mortos em resgate
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Obra irregular

A prefeitura de São Paulo divulgou uma nota na terça-feira afirmando que a obra que desabou na avenida Mateo Bei, em São Mateus, estava em situação irregular. De acordo com o comunicado, foi emitido no dia 13 de março um auto de intimação por parte da Subprefeitura de São Mateus por falta de documentação no local da obra. O responsável pela construção teve que pagar, na ocasião, R$ 1.159.

No dia 25 do mesmo mês, a subprefeitura emitiu outra multa, novamente pela não regularização dos documentos do local. Na segunda autuação, foi emitida uma multa de R$ 103.500 e um auto de embargo. Segundo a administração municipal, no dia 10 de abril, foi apresentado o pedido de Alvará de Aprovação de Edificação Nova na subprefeitura, em resposta às intimações. O pedido, no entanto, está em análise.

O proprietário do imóvel recorreu das multas aplicadas, porém, como não foi apresentado o Alvará de Execução, a obra continuava em situação irregular sob a ótica da prefeitura. Segundo estabelece o Código de Obras, "a obra só poderia ter sido iniciada, mesmo sem resposta da subprefeitura, caso tivessem decorridos os prazos dos dois pedidos, ou do pedido conjunto (alvará de aprovação e alvará de execução)”.

Antes e depois do local do desabamento:

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Foto: Wesley Rodrigo/Futura Press

Fonte: Terra
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