Dois anos após o primeiro anúncio para a construção do metrô em Porto Alegre, a presidente Dilma Rousseff voltou neste sábado à capital gaúcha para anunciar novamente a obra, já com um novo aporte de recursos e modelagem financeira. Dilma falou ainda sobre a construção do sistema metroferroviário nas cidades de Belo Horizonte e Salvador – sendo que, na terça-feira, assinará a construção do primeiro trecho na capital nordestina.
Conheça o projeto do metrô de Porto Alegre
“Estamos vendo isso acontecer (dificuldades) em Belo Horizonte e Salvador... todos tiveram dificuldades técnicas e aperfeiçoaram os seus modelos, isso é natural no momento em que nós estamos”, disse Dilma, ressaltando o empenho do governo do Rio Grande do Sul e da cidade de Porto Alegre.
Dilma falou que a mobilidade urbana é apenas um dos pactos que foram acertados após as manifestações. “O pacto apresenta direção para avanço, na mobilidade, do reconhecimento de que no nosso País, de 30 a 40 anos, não investiu de mobilidade urbana de forma adequada, necessária e sistemática.”
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, falou sobre as adequações do projeto do metrô, destacando o acompanhamento pessoal da presidente na negociação. “Temos o escopo financeiro, o escopo técnico, para que a PMI (proposta de manifestação de interesse) aconteça”, disse, falando sobre as perspectivas de início das obras.
Ao todo, o governo federal vai destinar R$ 4,8 bilhões para o metrô, R$ 1,7 bilhão do orçamento e mais R$ 1,7 bilhão que serão financiados em 61% pelo governo do Rio Grande do Sul e 39% pela prefeitura de Porto Alegre. O restante dos recursos será obtido por meio de Parceria-Público-Privada (PPP), para um traçado de 10,3 quilômetros.
A vinda de Dilma ao Rio Grande do Sul fez com que técnicos da prefeitura e do governo do Estado se reunissem durante toda a semana em busca de uma formatação financeira que possibilitasse a obra, tendo em vista que a presidente queria fazer o anúncio do metrô neste sábado. Segundo Dilma, em cidades mais ricas o governo tem adotado a divisão de 50/50% para a construção de metrôs, e em municípios maiores, como São Paulo, essa divisão é de 75/25%.
No projeto inicial, apresentado em abril, as estimativas apontavam o metrô ao custo de R$ 9,5 bilhões para um traçado de 14,8 quilômetros, valor maior acima dos R$ 2,4 bilhões previstos inicialmente.
Números do projeto | |
Orçamento total | R$ 4,8 bilhões |
Recursos públicos |
R$ 3,5 bilhões |
Recursos do governo federal a fundo perdido | R$ 1,7 bilhão |
Financiamento adquirido pelo governo do Estado | R$ 1,08 bilhão |
Financiamento adquirido pela prefeitura |
R$ 690 milhões |
Parceria-Público-Privada (PPP) | R$ 1,3 bilhão |
Demais investimentos da prefeitura: | |
Desapropriações |
R$ 195 milhões |
Contraprestação durante a operação | R$ 500 milhões (divididos em 25 parcelas anuais de R$ 20 milhões) |
Segundo a prefeitura, o projeto atual prevê estações da Esquina Democrática ao Terminal Triângulo, na zona norte. A ideia inicial era estender a linha até a Fiergs, mas a iniciativa esbarrou na impossibilidade técnica de instalar uma área de manutenção de trens ao final da avenida Assis Brasil.
Tendo em vista a disparidade de recursos disponíveis e orçamento da obra, a prefeitura e o Estado do Rio Grande do Sul começaram a solicitar mais recursos junto ao governo federal, enquanto buscavam alternativas para encaixar os valores no orçamento.
O projeto do metrô foi elaborado com base em uma modelo de integração com sistemas de BRT (ônibus de rápida circulação em faixas exclusivas) e com o trem da Trensurb.
Além dos recursos para o metrô, Dilma também anunciou a construção de quatro corredores de ônibus nas cidades de Porto Alegre, Viamão, Guaíba e Canoas.
Pouco antes dos anúncios do metrô, o ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro, revelou o investimento de R$ 200 milhões para a construção de corredores exclusivos de ônibus em cidades da região metropolitana de Porto Alegre e na capital. Em relação ao metrô, disse que o anúncio de hoje “é uma renovação da crença na infraestrutura de transporte de alta capacidade de Porto Alegre, que sem dúvida é uma anseio de toda a população".
Cinquenta e sete chaves de retroescavadeiras foram entregues a prefeitos gaúchos, sendo que alguns aproveitaram o momento com a presidente. O vice-prefeito da cidade de Bossoró pediu para o governador do Estado, Tarso Genro, que tirasse uma foto sua com Dilma. Outra prefeita trouxe as rainhas de uma festa local para a cerimônia.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas disse que “se não me engano, é a terceira vez que a presidente vem a Porto Alegre para entregar as máquinas”. Ele ressaltou que todas as cidades com menos de 50 mil habitantes já receberam as máquinas, que são financiadas com recursos do PAC 2.