Uma profissional da saúde que conhecia os médicos assassinados em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, afirmou ao jornal O Globo que os colegas que vieram para o mesmo evento que eles temem deixar o hotel onde estão hospedados. As vítimas, baleadas com 33 tiros, estavam confraternizando na capital fluminense, quando foram surpreendidas por um grupo de atiradores.
"O Rio de Janeiro é popular para congresso. A gente vem com uma certa frequência, mas não conhece a dinâmica do lugar e como isso funciona. Não pode sequer imaginar que atravessar a rua num bairro nobre, na Barra da Tijuca, para tomar um coco ou uma caipirinha e depois ir dormir possa ser motivo para isso. Não está entre as coisas que a gente imagina que vai viver. A gente se sente agredido, desrespeitado e triste. É um cenário de tragédia para nossa sociedade. A sensação é de medo e a reação das pessoas de não sair do hotel", afirmou a médica Tânia Mara.
Segundo a profissional relatou ao jornal, ela chegou ao hotel por volta da meia noite de quarta-feira, 4, junto com os colegas que foram executados. Os médicos fizeram o ckeck-in antes, e ela até chegou a cruzar com eles enquanto subia para o seu quarto. No momento, as vítimas estavam descendo, possivelmente para ir até o quiosque onde ocorreu o crime.
"Quando subi para o quarto eles estavam descendo. É realmente muito chocante e triste. São pessoas que merecem o nosso maior repeito", afirmou ao O Globo.
A médica ainda disse que está apavorada, pois nunca imaginou que isso poderia ocorrer ao ir para a cidade para um evento importante e de abrangência mundial.
"Eram colegas ótimos, maravilhosos, bons amigos, bons médicos, e foram acometidos pela violência urbana. A gente fica apavorada", lamentou.
Uma das vítimas era 'muito importante' em São Paulo
A médica Tânia Mara também destacou que uma das vítimas fatais, Marcos de Andrade Corsato, de 63 anos, era um médico muito importante e conhecido em São Paulo. Ele trabalhava no Hospital da Clínicas e era professor universitário.
"Não imagino que eles tenham qualquer conexão [com o crime]. Estavam inseridos numa cena trivial de alguém que chega numa cidade e quer tomar uma cerveja e dar uma relaxada antes de dormir. Não tem absolutamente nada que os conecte com esse crime violento", defendeu.
Além de Corsato, também morreram Perseu Ribeiro Almeida, de 33, e Diego Ralf Bonfim, de 35, que é irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL). Outra vítima, identificada como Daniel Sonnewend Proença, foi atingida por ao menos três disparos, e está internada com quadro de saúde estável.
Autoridades falam em 'execução'
O ministro da Justiça, Flávio Dino, e o governador do Estado, Claudio Castro, veem o caso como execução. Segundo informações de O Globo, o bando armado disparou 33 vezes contra a mesa onde estavam quatro médicos.
Dino ainda determinou que Polícia Federal acompanhe as investigações, pois há a hipótese de relação com a atuação de Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ) no parlamento. Os dois são deputados federais. Em agosto, Sâmia chegou a registrar boletim de ocorrência após ser ameaçada de morte.