A Secretaria de Saúde de São José do Rio Preto, no interior paulista, anunciou a primeira morte por dengue no município neste ano. Um aposentado de 60 anos, que estava internado, não resistiu aos sintomas e morreu dia 31, mas a morte só foi divulgada nessa segunda-feira. Até agora foram diagnosticado 370 casos de dengue em Rio Preto.
A família diz que em nenhum momento os médicos suspeitaram de dengue e que deve entrar com processo judicial por negligência médica por demora e falhas no atendimento na rede pública. A Secretaria de Saúde informou apenas que desconhece a existência de problemas no atendimento e que a informação não procede.
De acordo com familiares, o aposentado João Batista Hernandes Rodrigues começou a passar mal no início de maio, passando diversas vezes por atendimento nos serviços públicos de saúde. “Ele procurou por diversas vezes a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Jaguaré, mas em todas as oportunidades ele era medicado e liberado para voltar para casa. E como ele tinha outras doenças, a gente também nunca suspeitou de dengue”, disse a nora do aposentado, Suelen Lopes Hernandes, que acompanhou, inclusive com fotos, todo o drama vivido pelo paciente.
Segundo ela, como a dengue não foi diagnosticada, o aposentado foi tratado de hipertensão e problema nos rins, mas a situação piorou quando seu estado de saúde se agravou, no dia 25 de maio, um domingo. Levado de volta ao postinho de saúde do Jaguaré, ele foi liberado e obrigado a ficar em casa porque os serviços de saúde se recusavam em internar o paciente. “A gente pedia que ele fosse internado, mas não nos atendiam”, conta.
Apesar da gravidade, o aposentado só foi internado, para observação, no dia 29, depois de passar novamente pela UPA do Jaguaré e de a família ameaçar chamar a polícia. “Novamente, eles queriam liberar meu pai, mas dissemos que a gente não o levaria de volta para casa, que se quisessem liberar, que o levassem no carro deles”, explica o filho Ênio Jean Hernandes. “Foi quando eles deixaram meu sogro em observação na enfermaria do Hospital Ielar e só internaram para tratamento depois que a gente ameaçou fazer um boletim de ocorrência para denunciar a situação”, completa Suelen.
Dois dias depois, Hernandes morreria, por causa, segundo a certidão de óbito, complicações causadas por seis doenças. A morte por complicações causadas pela dengue só seria diagnosticada posteriormente pelo Instituto Adolfo Lutz e divulgada nesta segunda-feira, 16 de junho, pela Secretaria de Saúde de Rio Preto, que também negou ter recebido informações oficiais sobre a ameaça feita pelos parentes do aposentado.
Os familiares do paciente dizem que vão processar judicialmente os responsáveis pelos serviços médicos da Prefeitura de Rio Preto, que teriam agido com negligência ao se recusar em internar o paciente e por não terem diagnosticado a dengue antes. Eles suspeitam que a medicação dada pelos médicos pode ter contribuído para agravamento da doença e morte do paciente.
Posteriormente, a família ficou sabendo que se tratava de um infarto, encoberto por remédios que o paciente tomava, segundo explicações de médicos. Parentes precisaram ameaçar recorrer à polícia para que o aposentado fosse internado, o que ocorreu somente no dia 29. Dois dias depois, Hernandes morreria, tendo como diagnóstico dengue grave causada por complicações crônicas. Para a família, houve negligência por parte dos serviços de saúde.
Outras cidades
Assim como em Rio Preto, os casos de dengue também aumentaram em Birigui, onde há um caso para cada 60 habitantes. A cidade que tem população de 115 mil moradores, contabiliza 1.941 casos na epidemia da doença.
Em Jaú, a relação é menor ainda. Com 140 mil habitantes, a cidade contabiliza 4.042 casos da doença, ou um doente para cada 35 moradores. Não bastasse, a cidade contabiliza nove mortes causadas pela dengue, uma a mais que na capital paulista, que somou até agora, oficialmente, oito mortes.
Em Campinas, cinco pessoas morreram pela doença, que contaminou mais de 36 mil pessoas.