Um bebê de 1 ano e 4 meses foi esquecido sozinho em uma creche na região de Paranoá, no Distrito Federal. A mãe da criança, Patricia Amandio, chegou ao local e encontrou uma aglomeração de vizinhos do lado de fora da unidade, ouvindo um choro.
Segundo o pai do menino e marido de Patrícia, Davi Nascimento, a mãe, com ajuda das pessoas que estavam na região, arrombaram a porta da creche para retirar o pequeno Leonardo do local. A criança foi encontrada, ainda segundo o pai, em pé no carrinho de bebê, em uma sala com as luzes apagadas e baratas no chão. O caso aconteceu na última segunda-feira, 6.
"A funcionária responsável pelo bebê alegou que ele estava dormindo, então, ela só simplesmente saiu e trancou as coisas. Esqueceu ele lá dentro. É o que nos deixou revoltados", disse, em um relato que publicou em uma rede social.
A Polícia Civil do DF informou que o caso está sendo tratado como abandono de incapaz. A Polícia Militar chegou a ser acionada ainda no início da noite de segunda, quando tudo ocorreu. No local, os agentes viram a criança e a encaminhou para a delegacia junto com a mãe e a diretora da creche. Elas prestaram esclarecimentos.
O Ministério Público do DF informou que a Promotoria Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) vai instaurar procedimento para apurar o caso.
Creche está irregular, diz secretaria
A Secretaria de Educação do Distrito Federal informou em nota ao Terra que só foi informada sobre o caso por meio de demanda apresentada pela imprensa. No entanto, a instituição funciona de forma irregular, já que teve pedido de funcionamento indeferido pela SEEDF em 2018, conforme a Portaria Nº 330, de 18 de outubro de 2018.
"O setor responsável já enviou um servidor ao local para verificar a situação noticiada, com o objetivo de avaliar os encaminhamentos a serem adotados para que os órgãos competentes tomem as medidas cabíveis", disse a secretaria.
Pai desmente creche
A mãe chegou a mostrar um vídeo do momento em que encontrou o filho na sala. Nas imagens é possível ver uma barata no chão e, de fundo, a voz de Patrícia, chorando.
Apesar disso, a Polícia Civil concluiu que não havia intenção dolosa ou sinais de ferimentos na criança e, por isso, optou por não proceder com a prisão em flagrante.
"O caso segue sob investigação preliminar para esclarecer as circunstâncias e responsabilidades relacionadas ao incidente", diz em nota.
A creche publicou uma nota de esclarecimento, em que diz que a criança ficou sozinha por cerca de 5 minutos. O pai, porém, desmente a informação.
"Tem testemunhas que moram em frente à creche que disseram que a funcionária saiu às 18h25", disse Davi Nascimento, ao contar que a mãe teria combinado de buscar o menino por volta das 19h. Ele acrescentou que reuniu mais de dez testemunhas que presenciaram o momento e poderiam confirmar a informação.
"No episódio em questão, a criança encontrava-se desacompanhada por aproximadamente cinco minutos em um epaço sem que tenha sido notada a sua ausência pelos nossos funcionários. Assim que tivemos conhecimento desse ocorrido, a direção agiu com prontidão, ordenando imediatamente que os portões fossem arrombados e que a criança fosse amparada, felizmente, sem qualquer ferimento", diz trecho da nota publicada pelo Colégio Educar Mais.
A instituição diz ainda que, mesmo após a resolução da questão, o pai do menino invadiu a escola "de forma agressiva", provocou "danos materiais" e proferiu "ameaças à integridade" dos funcionários e familiares.