BH: sobrevivente de tragédia esteve em outro grave acidente
"Foi horrível, como se uma cortina de concreto imensa descesse de uma vez. E a gente só não morreu porque a Hanna (Cristina dos Santos, 25 anos, motorista) foi uma heroína"
Mulher sobrevive a segundo acidente envolvendo ônibus em BH
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A vendedora de roupas infantis Maria Nilza Loiola, 54 anos, é daquelas pessoas que, no linguajar popular, pode-se dizer que tem sete vidas. Duas ela “gastou” ao escapar de dois dos mais graves acidentes envolvendo ônibus em Belo Horizonte.
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Na última quinta-feira, Nilza, como gosta de ser chamada, estava dentro do coletivo suplementar da linha 70 que foi esmagado pelo viaduto Batalha dos Guararapes. Em 16 de julho de 1999, a vendedora estava dentro do ônibus da linha 1505 que caiu no Rio Arrudas no centro de Belo Horizonte. Neste desastre, nove pessoas morreram e 52 ficaram feridas.
“Graças a Deus eu sobrevivi (aos dois acidentes), mas eu não aguento mais não. Eu não aguento mais sofrer, não quero ver isso nunca mais", disse. "Estou sofrendo muito e não é a dor física por eu ter machucado o braço, ou pelos meus dentes que eu implantei em 99 e que agora estão precisando de implante de novo, porque estão todos moles dentro da minha boca, não é isso. É um sofrimento que fica lá no coração e na minha mente. É esse sofrimento que eu não desejo para ninguém”, desabafou.
Nilza recordou que saiu de casa por volta das 14h na última quinta-feira para ir trabalhar em um shopping da região da Pampulha. Ela entrou no coletivo no bairro Tupi e quando o veículo passava pela avenida Pedro I, foi atingido pelo viaduto. “Foi horrível, como se uma cortina de concreto imensa descesse de uma vez. E a gente só não morreu porque a Hanna (Cristina dos Santos, 25 anos, motorista) foi uma heroína. Ela salvou a vida de todos nós porque teve o instinto de frear. Com isso ela evitou que o viaduto caísse em cima do ônibus,” relembrou.
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Nilza contou que percebeu a presença da filha de Hanna, a pequena Ana Claudia, de 5 anos, no coletivo. “Quando eu entrei, a menina estava sentada na cadeira da cobradora, que era uma tia dela. Ela brincava com os botões de liberar a roleta. No trajeto, a tia voltou para a cadeira e ela foi ficar em cima do capô. Foi quando a mãe dela percebeu a queda do viaduto e, num gesto rápido, atirou a filha para trás, num movimento com o braço, mesmo que aquilo deixasse a menina machucada, mas viva. A Hanna salvou a vida da filha e a nossa”, disse.
“Eu estava sentada em uma cadeira à frente da porta traseira, na parte de trás do ônibus. Quando o viaduto desceu, foi um desespero muito grande. Eu bati a boca e machuquei o braço na freada brusca, mas saí viva. Ainda vi a Hanna viva também,” afirmou. “Eu sou mãe, eu imagino a dor que o pai e a mãe dela estão sentindo."
No primeiro acidente, em 1999, a vendedora perdeu os dentes e teve outras escoriações, mas o momento trágico da queda do coletivo no rio e o sofrimento dos passageiros são o que ainda insistem mais em fazê-la sofrer. “Na época, eu saí da loja que trabalhava no (bairro) Barro Preto e estava indo para casa. Quando chegou no ponto da Rua Tupinambás com a Rua da Bahia ele atravessou. No sinal, eu lembro bem, veio um Tempra e depois uma moto. Foi onde ele bateu na cerquinha (parapeito de proteção de pedestres). Eu nunca achei que ele iria passar. Pois ele ultrapassou a cerquinha, caiu e capotou, ficando com as rodas para cima. Quando eu consegui sair, começamos a salvar as pessoas,” explicou.
Vítima de queda de viaduto em Bh relata momentos de aflição
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Na época, a maioria das vítimas morreram afogadas na água poluída do Arrudas: “Eu tive contato com a água, só que eu fiquei de pé, e saí andando para o canto do rio. Só que a coleção de ratos grandes, lixos e baratas que era aquilo ali (...), teve uma moça que quebrou o ombro e a perna e não conseguia firmar. A gente pegou ela de lado e ficou arrastando para tirá-la. Eu fui tirada (resgatada) lá perto do Parque Municipal (cerca de 50 m abaixo do local da queda do coletivo).”
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Por ter passado por duas situações dramáticas em 15 anos, Nilza disse que desde o dia da queda do viaduto ainda não conseguiu dormir. Neste sábado, foi o primeiro dia de trabalho após a tragédia, mas ela contou que evitou passar pela avenida Pedro I.
“Lá (em 1999) foi imprudência do homem, do 1505, porque era uma cerquinha (grade) no rio Arrudas (...) lá na Hanna (no desabamento da última quinta-feira) foi imprudência do homem de novo. Então envolve a mão humana. Não foi um acidente natural, foi um acidente que envolveu a irresponsabilidade de alguém” afirmou, rebatendo em seguida a declaração do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que em entrevista após a queda do viaduto disse que “acidentes como esse infelizmente acontecem". "Ele não pensou para falar, ele devia ter pensando mais um minuto antes de usar esssa palavras”, reclamou.
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Viaduto que faz parte das obras de duplicação da avenida Dom Pedro I para instalação do BRT
Foto: Iran Barbosa / Twitter
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Pelo menos dois carros, um caminhão e um micro-ônibus foram atingidos
Foto: Iran Barbosa / Twitter
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Bombeiros confirmaram a morte de ao menos duas pessoas e sete feridos
Foto: Iran Barbosa / Twitter
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Até o meio da tarde, duas mortes haviam sido confirmadas; sete pessoas ficaram feridas
Foto: Ney Rubens
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Colapso da estrutura foi total; viaduto estava ainda sendo construído
Foto: Ney Rubens
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Mulher chora à espera de notícias sobre sobreviventes no colapso do viaduto
Foto: Ney Rubens
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Pouco menos de uma hora depois da queda, equipes de resgate começaram a retirar o ônibus preso pelos escombros do viaduto
Foto: Ney Rubens
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Detalhe mostra frente de caminhão atingida pela quada do viaduto
Foto: Lincon Zarbietti / O Tempo
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Viaduto estava em construção em meio a outras obras na região
Foto: Lincon Zarbietti / O Tempo
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Equipes de segurança trabalham na busca por sobreviventes na queda do viaduto
Foto: Lincon Zarbietti / O Tempo
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Construção do viaduto faz parte das obras encomendadas por ocasião da Copa do Mundo em Belo Horizonte
Foto: Lincon Zarbietti / O Tempo
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As imagens de fotógrafos e cinegrafistas mostram o que seria um colapso total da obra em uma área com baixa movimentação
Foto: Victor R. Caivano
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Curiosos observam o viaduto de longe enquanto bombeiros trabalham nos escombros das estruturas
Foto: Flávio Tavares / Hoje em Dia
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Complexo integrava obras da Copa, e outro viaduto já havia sido interditado em fevereiro
Foto: Ney Rubens
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O acidente motiva protestos contra a Copa na região do viaduto
Foto: Ney Rubens
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Prefeito Márcio Lacerda diz que liberação de viaduto "em acabamento é normal" e se exime de responsabilidade, afirmando que obra cabia a consórcio
Foto: Ney Rubens
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O tenente-coronel Edgar Estevo da Silva afirmou que o veículo sob os escombros é um Uno
Foto: Ney Rubens
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Emiliano Luiz, pai de cobradora do ônibus esmagado pela queda do viaduto em Belo Horizonte; a filha foi uma das 13 pessoas a serem resgatadas com vida do coletivo, cuja motorista morreu
Foto: Marcellus Madureira
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Perícia é feita nesta sexta-feira no viaduto que caiu em Belo Horizonte (MG)
Foto: Ney Rubens
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Perícia é feita por servidores do Crea, da Polícia Federal, do Instituto de Criminalística da Polícia Civil e das defesas Civil, Municipal e Estadual
Foto: Ney Rubens
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Funcionários da construtora também participam da perícia no viaduto
Foto: Ney Rubens
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Equipes fazem perícia do viaduto para descobrir as causas da queda
Foto: Ney Rubens
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Velório e enterro do corpo da motorista Hanna Cristina dos Santos, no Cemitério Bosque da Esperança em Belo Horizonte
Foto: Léo Fontes
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Máquinas começaram a demolir o viaduto nesta segunda-feira
Foto: Uarlen Valerio/O Tempo
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Moradores fazem culto ecumênico alguns dias após queda do viaduto que matou duas pessoas. Missa ocorreu próximo ao local
Foto: Luiz Costa / Hoje em Dia
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Obras são retomadas na alça do viaduto Batalha dos Guararapes, na avenida Pedro I, na tarde deste sábado
Foto: Wesley Rodrigues / Hoje em Dia
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A estrutura foi içada por guindastes e a sustentação está sendo testada. Assim, a prefeitura adiou a liberação das pistas
Foto: Wesley Rodrigues / Hoje em Dia
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Operários trabalham em obras de remoção de escombros neste domingo, do viaduto que desmoronou na avenida Dom Pedro I
Foto: André Brant / Hoje em Dia
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População deixa flores pelas duas vítimas do acidente e protesta
Foto: André Brant / Hoje em Dia
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Moradores de dois condomínios e uma escola vizinhos ao viaduto serão removidos do local por questão de segurança
Foto: Fernanda Carvalho/O Tempo
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Moradores de condomínios vizinhos ao viaduto Batalha dos Guararapes choram ao chegar a hotel após deixarem suas casas, neste domingo. A previsão é de que todos os prédios sejam evacuados até o início dos trabalhos de remoção do restante da estrutura que ruiu no último dia 3
Foto: Ricardo Bastos / Hoje em Dia
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Defesa Civil auxilia na remoção de moradores dos condomínios. Eles foram encaminhados a um hotel. Ao todo, cerca de 40 famílias que vivem mais próximas aos escombros do viaduto devem deixar seus imóveis
Foto: Wesley Rodrigues / Hoje em Dia
Sobrevivente de acidente viu viaduto desabando sobre ônibus