Ela viveu no século XX e teve que enfrentar, além da arrogância da classe médica, o machismo para mudar a mentalidade no processo de tratamento de internos psiquiátricos. Nise da Silveira estudou entre 1926 a 1931 na Faculdade de Medicina da Bahia, onde se formou como a única mulher entre os 157 homens daquela turma. Quando já trabalhava, na década de 30, durante a Intentona Comunista foi presa após ser denunciada por uma enfermeira por estar com livros marxistas. Ao sair da prisão, foi trabalhar no hospital psiquiátrico Pedro II, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, quando começou a questionar a forma de tratamento dos pacientes. Foi então que propôs uma abordagem humanizada e criou o ateliê de escultura e pintura dentro da instituição. Foi então que passou a estimular que os pacientes acessassem as imagens do inconsciente no momento de pintar. Sem qualquer julgamento, viu a forma de tratar o ser humano além da circunstância que o levou ali dando bons resultados.
É essa a figura admirável que recebe homenagem do Itaú Cultural, onde até o próximo dia 28 de janeiro é possível conferir a Ocupação Nise da Silveira, com entrada franca. Além dos quadros que mostram essas imagens do inconsciente, todos confeccionados por pacientes da época, há uma sala de interação, onde monitores estimulam os visitantes a deixar a correria de lado e fazer algum desenho, um bordado, uma pintura.
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