O símbolo da resistência atual nas artes têm sido a montagem "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", texto de Jo Clifford, que tem como protagonista a atriz trans Renata Carvalho e direção de Natália Mallo.
Depois de terem sofrido uma proibição judicial antes de apresentar no Sesc Jundiai, no interior Paulista, porque o magistrado considerou que a peça feria dogmas cristãos, na semana passada tiveram nova censura, no segundo dia de exibição no teatro Gregório de Matos, durante o Fiac, em Salvador.
A primeira medida perdeu efeito no recuso, quando um juiz muito mais ponderado considerou que houve, na decisão do colega dele, transfobia.
Quero dizer para quem ainda duvida: não há ofensa qualquer aos cristãos. Pelo contrário. Renata traz empatia à história de Cristo, questiona o tal rosto de Jesus, que engolimos goela abaixo ser "branco, olhos claros, homem e cis". Quem inventou que Jesus era assim?
Essa desconstrução transgressora tão necessária é forte, um soco no estômago, bem dizer, e ao mesmo tempo é tão poética. Jesus, seja mulher, homem, trans, gay, bi, cis, e de onde quer que tenha visto, tenho certeza que se orgulhou de ser retratado de forma tão empática e se emocionou
Quem quiser conferir, a peça está em cartaz até dia 15 de novembro, no Viga Espaço Cênico, perto do Metrô Sumaré, em São Paulo. O teatro fica na Rua Capote Valente, 1323 - Pinheiros, São Paulo.