Por que os apps de paquera geram mais solidão

13 dez 2017 - 12h16

As opções são muitas: tinder, happn, zoosk, okcupid, par perfeito, grindr, femme, 3nder e por aí vai. A intenção das pessoas que procuram aplicativos de paquera variam muito pouco. A grande maioria quer dirimir o sentimento de solidão, buscar um parceiro para uma noite ou para uma vida inteira. Há uma boa parcela que busca diversão e há muitos que querem apimentar as relações que já existem, quebrar uma monotonia de uma casamento, por exemplo, ou colocar uma terceira pessoa na hora do sexo.

Foto: iStock

Eu sempre tive uma resistência muito grande em entrar e usar esses apps. Pois bem, aceitei o desafio de experimentar um deles por um mês e atestei: não é para mim. É, sim, um dispositivo muito interessante para quem tem dificuldade, por exemplo, de estabelecer relações ao vivo, para quem quer conhecer gente de fora do meio social que convive, por exemplo, ou se aventurar mesmo. Aceito tudo isso. E reconheço. Mas foi muito difícil me interessar por alguém por uma foto e uma descrição que, muitas vezes, não condiz com a realidade. Falta o cheiro, a presença, o papo, o tom de voz. Faltam sentidos para fazer sentido. 

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Acabei optando pelo happn, que é um desses aplicativos que faz sugestões a partir de localização geográfica. 

Eis as principais coisas que apontaria da minha experiência: 

1. as pessoas têm vergonha de dizer que estão no aplicativo, o que é uma bobagem. Uma das pessoas com quem conversei disse que poderia soar 'loser'.

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2. tenho que diversificar os meus espaços de convivência. Em uma semana, apareceu uns 358 advogados. 

3. o app imita a vida real: quem você quer não vai te querer, quem te quer não vai te interessar. É a vida, amigos!

4. as pessoas dão um monte de crush, mas não conversam, não se interessam, é uma coisa muito esquisita!

5. homens não gostam de mulher de atitude. Preferem as que se submetem, que se colocam no lugar de presas a serem caçadas. 

Enfim, para mim não funcionou esse lance de app. O meu placar foi zero. Nada pode substituir, para mim, o cheiro no cangote, aquela chamada no probleminha, um sussurro ao pé do ouvido. 

O jeito que as pessoas se mostram também me incomodou muito. E essa fiscalização alheia sobre mim: "nossa, mas logo você está no app?". Como se não pudesse. Pode tudo, pessoal. Desde que te faça bem, que te complete, que faça sentido. Combinado?

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