Bolsonaro defende corte de verba para proteção das mulheres

Presidente afirma que políticas da área não dependem de dinheiro, mas de 'mudança de comportamento'; orçamento do programa Casa da Mulher Brasileira teve redução drástica no último ano;

5 fev 2020 - 11h13
(atualizado às 11h29)

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro sinalizou nesta quarta-feira, 5, que não pretende reforçar o orçamento para políticas de combate à violência contra a mulher. Para ele, a área não depende de dinheiro, e sim de "postura", "mudança de comportamento" e "conscientização".

Levantamento feito pelo Broadcast do Estadão revelou na terça-feira, 4, que houve redução drástica nos recursos da área entre 2015 e 2019 e que o programa Casa da Mulher Brasileira, voltado para o atendimento de vítimas de violência, ficou sem receber um centavo em 2019.

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"A (ministra) Damares (Alves) está sendo 10 nesta questão, não é dinheiro, recurso. É postura, mudança de comportamento que temos que ter no Brasil, é conscientização", disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada nesta quarta.

Entre 2015 e 2019, o orçamento da Secretaria da Mulher, órgão do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, foi reduzido de R$ 119 milhões para R$ 5,3 milhões. Levantamento feito pelo Estado aponta que, no mesmo período, os pagamentos para atendimento às mulheres em situação de violência recuaram de R$ 34,7 milhões para apenas R$ 194,7 mil.

No Brasil, uma mulher é agredida a cada quatro minutos, segundo dados do Ministério da Saúde. De acordo com pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a maior parte da violência que ocorre no Brasil é praticada por conhecidos.

Presidente Jair Bolsonaro deixa Palácio da Alvorada, em Brasília
22/01/2020 REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro deixa Palácio da Alvorada, em Brasília 22/01/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Bolsonaro defende campanha de abstinência sexual

Bolsonaro também defendeu a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, por sugerir campanha pela abstinência sexual como forma de evitar gravidezes precoces.

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"Damares está em um trabalho bonito lá na Ilha do Marajó (PA). Lá você tem, ele é pai e avô ao mesmo tempo, ele engravida a própria filha. Engravida a neta", disse Bolsonaro.

"Quando ela (Damares) fala em abstinência sexual, esculhambam ela. Quem quer... Eu tenho uma filha de 9 anos, você acha que eu quero minha filha grávida o ano que vem? Não tem cabimento isso aí", afirmou o presidente em conversa com jornalistas.

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