NOVA DÉLHI - Na semana em que pelo menos 50 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro foi cauteloso ao tratar do assunto e se limitou a dizer que as leis dos países devem ser respeitadas.
"(Em) Qualquer país as suas leis têm que respeitadas. Qualquer país do mundo onde as pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais", afirmou o presidente ao chegar ao hotel em que está hospedado em Nova Délhi, na Índia, onde participa de uma missão de quatro dias.
Questionado se teria conversado com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tema, respondeu que não.
"Ficou no campo da chancelaria. Lamento que muitos brasileiros foram buscar novas oportunidades lá fora e voltem deportados. Lamento, mas a política tem que respeitar a soberania de outros países".
O presidente também aproveitou para criticar a lei de imigração brasileira.
"Nenhum país do mundo tem isso que temos lá, é uma vergonha. O pessoal chega no Brasil com mais direito que nós, isso não pode acontecer. Se abrir as portas como está previsto, o País pode receber um contingente muito grande."
A lei de imigração vigente no país data de 2017 e foi sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB). Críticos entendem que ela facilita demais a entrada de estrangeiros no País, enquanto apoiadores afirmam que trata a questão pelo enfoque dos direitos humanos e do desenvolvimento econômico do País, e não mais como um tema apenas de segurança nacional, como era o caso do antigo Estatuto do Estrangeiro, de 1980 — época da ditadura militar.
Homenagem a Gandhi
Bolsonaro está na Índia desde esta sexta-feira, 24, a convite do primeiro-ministro Narendra Modi para participar do Dia da República da Índia, que será comemorado no domingo, 26.
Neste sábado, o presidente se reuniu com o primeiro-ministro e com altas autoridades do governo indiano. Foram formalizados 15 atos para facilitar o comércio, os investimentos e a cooperação entre o Brasil e a Índia. Bolsonaro levou flores ao memorial do líder pacifista Mahatma Gandhi, decisivo na independência da Índia em 1947, uma tradição de chefes de Estado que visitam o país asiático.