Campinas: com receio de protestos, PM não desfilará no 7 de Setembro

Policiais militares ficarão de prontidão durante o feriado, diante da possibilidade de protestos violentos na cidade

4 set 2013 - 18h02
(atualizado às 18h07)
Caso se confirme, será a primeira vez que os policiais militares não participam das festividades da Independência
Caso se confirme, será a primeira vez que os policiais militares não participam das festividades da Independência
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

O chamado pelas redes sociais para uma onda de protestos em todo o País neste 7 de Setembro fez com que o pelotão da Policia Militar de Campinas deixasse de desfilar para colocar todos os seus homens em um esquema especial de segurança. A iniciativa tem por objetivo deixar todo o efetivo à disposição do policiamento da cidade. Nos meses de junho e julho, cinco grandes protestos organizados na cidade provocaram destruição com atos de vandalismo, depredação de prédios públicos, saques em lojas, agências bancárias e supermercados.

O Palácio dos Jequitibás, sede da prefeitura de Campinas, teve as portas de vidros e janelas estilhaçadas por pedras e paus atiradas pelos Black Blocs. Em uma outra reunião de manifestantes, um grupo de 130 pessoas invadiu o plenário da Câmara Municipal, interrompeu uma sessão do legislativo, pichou paredes e quebrou mobílias dos parlamentares.

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Polícia Militar mantém efetivo de prontidão para a possibilidade de protestos violentos no feriado
Foto: Rose Mary de Souza / Especial para Terra

Segundo o Comando do Policiamento Interior 2 (CPI-2), a orientação do Comando Geral da PM é para que cada município opte por integrar ou não o desfile em sua cidade. É a primeira vez que os policiais militares deixam de integrar o desfile cívico de amor à pátria.

No desfile do ano passado, 300 policiais militares participaram com banda musical, grupos motorizados, a pé e cavalaria. O CPI-2 pode destacar 800 soldados para reforçar a segurança e controlar prováveis distúrbios, mas não revelou quantos policiais irá utilizar.

O desfile começa às 8h, com a presença do prefeito Jonas Donizette (PSB), após o hasteamento da bandeira e execução do Hino Nacional. A Guarda Municipal irá participar com 300 homens, sendo que uma parte irá integrar o desfile e outra vai auxiliar no reforço da segurança. O desfile contará também com soldados do Exército e do Corpo de Bombeiros, grupos de estudantes e dos escoteiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) e da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).

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Futebol pode ser adiado

Ainda por causa dos protestos no feriado, o comando do CPI-2 solicitou nesta quarta-feira à Federação Paulista de Futebol (FPF) e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o adiamento da partida entre Ponte Preta e Internacional, marcada para as 18h30 do sábado. O jogo da 19ª rodada do Brasileirão está marcado para acontecer no estádio Moisés Lucarelli, bairro Ponte Preta, em Campinas. Segundo a PM, se o jogo for realizado, será necessário deslocar uma equipe para a segurança das áreas interna e externa do estádio. As entidades esportivas ainda não se manifestaram à PM.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

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A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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