O casal que estava no carro atingido pelos disparos feitos por Adriano Domingues, em Boituva, no interior de São Paulo, nega que tenha perseguido o motorista. Gabrielle Gimenez e William Isidoro afirmam que foi o empresário que bateu no veículo deles, e não o contrário, como alega a defesa do suspeito. Há um mandado de prisão contra ele, que é considerado foragido.
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Em entrevista ao Encontro com Patrícia Poeta, da TV Globo, os dois afirmam que o motorista estava em alta velocidade, na Rodovia Castello Branco. “Tudo aconteceu devido a uma colisão. Em alta velocidade, ele bateu na lateral do nosso carro. A gente logo pediu para ele encostar, a gente encostou na frente, ele encostou atrás e já desceu armado, dando coronhadas no carro. E na segunda parada, como vocês podem perceber, eu estou em contato com o 190, informando justamente a localização do ocorrido para mandar uma viatura, e aí ele já parou na frente e já aconteceu o que vocês podem ver no vídeo", afirma Gabrielle.
No vídeo em questão, gravado na última sexta-feira, 14, é possível ver Adriano atirando três vezes contra o automóvel, sendo uma em direção ao passageiro, e duas no pneu. Ele também xinga os dois. Embora a defesa do suspeito afirme que seu cliente foi perseguido pelo casal, Gabrielle nega que isso tenha ocorrido. "Nós também não estávamos perseguindo, seguindo, de forma alguma. Ele veio em alta velocidade, colidiu e a gente pediu para encostar", salienta.
Willian conta que é instrutor de tiro e, no momento da confusão, não estava armado, já que a legislação não permite. Segundo ele, isso havia sido divulgado anteriormente. “Isso foi constatado pela polícia, que na hora que a gente parou no posto [rodoviário], a polícia constatou que não tinha nenhum armamento no carro como o pessoal tá falando. Isso é falso que a gente estava armado.”
De acordo com a emissora, Adriano não tem porte de armas.
Defesa do empresário rebate alegações
Ao Terra, o advogado Luiz Carlos Valsecchi, que representa Adriano, afirmou que seu cliente foi perseguido, e que o casal teria colocado em risco outras pessoas. Além disso, a defesa também refuta que o caso se trate de uma tentativa de homicídio, pois o carro é blindado.
Na versão apresentada pelo advogado, os dois veículos trafegavam pela rodovia quando seu cliente tentou uma ultrapassagem, mas foi impedido pelo veículo da frente, que seria o do casal. Quando conseguiu ultrapassar, o casal teria provocado uma batida, em uma velocidade alta, segundo a defesa.
“Quase um capotamento e já a partir daí os ânimos ficam acirrados entre os dois motoristas. Mais à frente é que acontece o evento onde o meu cliente, o Adriano, para o seu veículo e vai discutir com o causador dos problemas na rodovia. E é nesse momento que ocorre o saque da arma e o disparo”, explica.
Valsecchi reconhece que houve uso irregular da arma, mas rebate que tenha havido uma tentativa de homicídio, já que o vidro é blindado. “Quem é da área sabe que estamos diante do chamado crime impossível para a finalidade homicida”.
Ele pede para que a polícia analise as imagens da concessionária responsável pela rodovia, “com a mesma velocidade que está tomando medidas neste procedimento”, para apurar quão verdadeira é a versão contada pelo casal.
Prisão decretada
No último domingo, 16, equipes da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de Adriano, localizada em Mairiporã, na Grande São Paulo. Ele teve a prisão preventiva decretada, mas é considerado foragido pelas autoridades policiais por não ter sido localizado.
Na residência do atirador, os policiais apreenderam um cofre; uma tonfa, que é uma espécie de arma branca originária das artes marciais de Okinawa; e, também, o passaporte dele. Quando busca e apreensão, o advogado afirma que a casa de seu cliente “foi invadida” por policiais, que arrombaram o portão e a porta da frente do imóvel. “Podiam simplesmente ter tocado a campanhia”, alega.
Valsecchi confirmou à reportagem que já se manifestou nos autos contrário à ordem de prisão de Adriano, e que seu cliente será apresentado nesta semana à Polícia Civil. A arma dele já foi apresentada às autoridades.
“Conversei com a magistrada, com a promotora, disse que o imputado [Adriano] vai se apresentar, falei da devolução da arma, e disse que apresentaria hoje, como apresentei, um pedido para que a prisão seja revogada. Ele sairia livre, e não preso, em caráter cautelar, que é o que se pretende", finaliza.