A Polícia Civil prendeu na manhã desta sexta-feira, 17, um novo suspeito de ter auxiliado na fuga de um suposto olheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) que estava presente no Aeroporto de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, no dia da execução do delator Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos. O caso ocorreu em 8 de novembro do ano passado.
O estudante de Direito Marcos Soares Brito, de 23 anos, foi encontrado no Tatuapé, zona leste da capital paulista. Ele foi preso temporariamente por tráfico de drogas e levado à sede do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no centro. O investigado deve passar por audiência de custódia neste sábado, 18, durante a manhã.
Ao Estadão, o advogado Guilherme Vaz afirma que ainda não teve acesso ao inquérito policial, mas diz que Brito é inocente das acusações de associação para o tráfico e de ter colaborado com Kauê Amaral Coelho, de 29 anos, apontado como olheiro do PCC. "A gente tem consciência que ele não tem envolvimento nenhum com isso e só está sendo envolvido em virtude de ser conhecido do Kauê", diz.
Nesta sexta-feira, 16, foi detida também a modelo Jackeline Moreira, de 28 anos, tida como namorada de Kauê. Localizada em Itaquera, também na zona leste, ela também foi presa temporariamente por tráfico de drogas, com base em informações coletadas em quebra de sigilo telemático, segundo a investigação. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Jackeline.
Marcos já havia sido preso antes, mas foi solto no dia seguinte
Marcos Soares Brito, detido nesta sexta, chegou a ser preso em dezembro do ano passado ao lado de seu tio, Allan Pereira Soares, de 44 anos, sob a acusação de porte ilegal de munições. Já na época, havia a hipótese de que o estudante poderia ter ajudado na logística do crime. Ele e o tio, no entanto, foram soltos menos de 24 horas depois.
Segundo informações do boletim de ocorrência, policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) afirmaram que, somente com Marcos, teriam sido encontradas 110 munições de fuzis de calibre 7,62 mm e 5,56. Elas estariam na motocicleta do acusado e em um carro, que seria de propriedade de Allan, encontrado na zona leste.
Na época, porém, o advogado Guilherme Vaz, que também representa Allan, afirmou que durante a audiência de custódia "ficou comprovado que tinha algo estranho na história da PM". Um dos pontos levantados por ele é que, após ser abordado em casa, Allan ligou para Marcos ir até lá.
"Como alguém vai ao encontro da polícia carregado de munições na moto?", questionou o advogado, por telefone. A defesa afirmou na ocasião que ambos os clientes negam ser os donos das munições ou ter qualquer relação com o caso da execução de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach.
A decisão pela liberação dos dois se deu após audiência realizada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que indicou suposta irregularidade na prisão. Em documento obtido pelo Estadão, a juíza Juliana Pirelli da Guia afirmou que o flagrante se mostrou "irregular e ilegal".
Na época, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, secretário-executivo da Secretaria da Segurança Pública, comentou o caso. "Não vamos baixar a guarda, vamos continuar trabalhando", disse. Ele ressaltou que, ao todo, foram apreendidos sete celulares durante a incursão. Interlocutores da polícia afirmaram que a expectativa era obter informações decisivas a partir dos aparelhos.