Caso Miguel: mãe e madrastra são condenadas a mais de 50 anos de prisão

Elas foram consideradas culpadas por matar criança de 7 anos e jogar o corpo no Rio Tramandaí

5 abr 2024 - 22h52
(atualizado às 22h53)
Caso Miguel: Mãe relembra momento em que levou menino até rio e diz ser ‘um monstro’
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Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, de 28 anos, e sua então companheira, Bruna Nathiele Porto da Rosa, foram consideradas culpadas pelo assassinato de Miguel dos Santos Rodrigues, que morreu com 7 anos em julho de 2021, no Rio Grande do Sul, e condenadas a mais de 50 anos de prisão. A criança foi morta e teve o corpo jogado no Rio Tramandaí.

As duas foram condenadas por tortura, homicídio e ocultação de cadáver. A pena da mãe de Miguel, Yasmin, foi de 57 anos, 1 mês e 10 dias. Já Bruna foi condenada a 51 anos, 1 mês e 20 dias de prisão.

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Durante o primeiro dia de julgamento, que começou na quinta-feira, 4, Yasmin relembrou como era a convivência do menino com Bruna e afirmou que ela teria trancado Miguel dentro do guarda-roupa. Em seguida, disse que era ‘um monstro’ por não ter feito nada a respeito. 

"Eu sou um monstro. Na verdade, eu sou muito monstro. Porque, se eu estou aqui hoje, é porque eu errei pra caramba. Se eu tô aqui, tá todo mundo aqui, é porque eu fui péssima como mãe, como ser humano. Mas eu jamais imaginei que ela [Bruna] pudesse fazer isso”, disse. 

Ela relatou também o momento em que viu que a criança estava morta e quando decidiram jogá-lo no Rio Tramandaí, em Imbé. "Eu vi a Bruna embaixo da mesa sentada tipo em posição fetal. Eu olhei pra ela, e eu perguntei: 'Cadê o Miguel?' Eu saí correndo para dentro do quarto do banheiro. Eu vi o Miguel deitado. Ele tava todo gelado, todo roxo. Eu mostrei para ela e eu perguntei o que tinha acontecido, e ela falou que ele estava morto. O Miguel estava roxo e duro”, relatou Yasmin chorando. 

Caso Miguel: Aos prantos, mãe relembra momento em que levou menino até rio e diz ser ‘um monstro’
Caso Miguel: Aos prantos, mãe relembra momento em que levou menino até rio e diz ser ‘um monstro’
Foto: Reprodução/DICOM TJRS

“Então, eu peguei ele no colo. Ele não estava vestido adequado, estava frio. Eu vesti um casaco bem quentinho, botei uma calça quente. Ela levantou e veio com a mala e falou que a gente tinha que fazer alguma coisa. (...) Aí eu peguei e botei. Eu botei ele lá. Eu botei ele e levei até o rio", relembrou. 

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Em seu depoimento, ela respondeu apenas aos questionamentos da sua defesa e admitiu que teria batido forte em Miguel no dia anterior, por ele ter defecado nas calças. No dia seguinte, Miguel acordou "molinho", gelado e sem apetite. Yasmin disse ter ministrado duas medicações na criança.

Já Bruna, de 26 anos, negou a participação no homicídio. Durante o depoimento, admitiu ter cometido violência psicológica contra a criança e que ajudou na ocultação do cadáver do menino. Mas disse que a ideia teria sido da companheira porque “assim ninguém ia achar (o corpo)", respondendo apenas seus defensores e o Ministério Público. 

Ainda segundo a madrasta, Yasmin era manipuladora, ciumenta e bastante agressiva com os dois. Ela apontou que a criança não recebia alimentação adequada, vivia isolada, era trancada no guarda-roupa e, em casos extremos, chegava a fazer as necessidades fisiológicas ali dentro. 

Bruna argumentou que tentava fazer cessar as agressões contra o enteado, mas que apanhava também."Ela dizia que se ele gritasse, ia bater mais forte", afirmou.

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De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ambas respondem pelos crimes de tortura, homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocutação de cadáver. As imagens do julgamento estão sendo divulgadas pelo YouTube do tribunal. 

Bruna Nathiele Porto da Rosa negou participação no homicídio
Foto: Reprodução/TJRS

Relembre o caso

O crime aconteceu em julho de 2021, no município de Imbé. De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público, em agosto daquele mesmo ano, o corpo do menino teria sido arremessado nas águas do Rio Tramandaí após o homicídio, que teria ocorrido entre os dias 26 e 29 de julho. 

Após descartarem o corpo, Yasmin foi até a delegacia e registrou o desaparecimento da vítima. No boletim, ela alegou que o menino estava sumido “há dois dias”, mas que aguardou para informar a polícia. 

Depois do registro do desaparecimento, as autoridades buscaram por Miguel. Durante as investigações, Yasmin e Bruna foram apontadas como autoras do crime, principalmente depois que apareceram em imagens de câmeras de segurança caminhando pelas ruas da cidade com uma mala. 

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Em julho, Yasmin foi presa suspeita de matar o filho. Em depoimento à polícia, a mulher confessou o crime. 

Sofrimento intenso

Segundo as investigações apresentadas na denúncia do MP, entre abril e julho, o menino passou por intenso sofrimento físico e mental, como castigo pelo fato de buscar carinho, cuidado e atenção. Miguel chegou a ser trancado, com as mãos amarradas e imobilizadas com correntes e cadeados dentro de um pequeno guarda-roupa por longos períodos durante um dos dias. Quando conseguia se soltar, as mulheres amarravam-no novamente.

O promotor de Justiça André Tarouco ainda descreve na denúncia que Miguel era obrigado a escrever, repetidamente, em um caderno, frases depreciativas contra si, como “eu sou um idiota”, “eu sou ladrão”, “eu sou ruim”, “eu sou cruel”, “eu sou malvado”, “eu não presto”, entre outras.

A causa da morte teria sido agressão física, insuficiência de alimentação, uso de medicamento inadequado e omissão de atendimento à saúde da vítima. 

Fonte: Redação Terra
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