Muito se falou no protesto do último dia 15 de março contra a o governo da presidente Dilma Rousseff em São Paulo, quando o Metrô resolveu liberar a catraca para os manifestantes na estação Trianon-Masp após o término do ato, que reuniu centenas de milhares de pessoas na avenida Paulista. Faltando três dias para um novo ato, envolvendo movimentos com o mesmo objetivo, o Terra falou com exclusividade com o diretor de operações do Metrô, Mário Fioratti. Ele revelou os bastidores da tomada de decisão que culminou no famoso “passe livre” do dia 15 de março.
Em sua sala na sede da Companhia do Metropolitano, Fioratti fez questão de ressaltar que a liberação da catraca naquele dia foi pontual e para garantir a segurança dos passageiros. “Em determinado momento começou a chover. Quem estava fora correu para dentro da estação e quem estava dentro não saía por causa da chuva. Tudo isso gerou um acúmulo de passageiros no mezanino da estação e ali começou a ter um 'empurra-empurra'”, disse.
Segundo o Metrô, para evitar acidentes com os usuários, as catracas foram liberadas. “Havia risco de acidente com essas pessoas. Elas estavam começando a ficar confinadas no mezanino da estação e, para preservar a segurança delas, nós abrimos durante alguns minutos a linha de bloqueios”.
O fato de o Metrô ser um serviço estadual, de um governo opositor ao partido da presidente Dilma, gerou comentários nas redes sociais no dia da manifestação, já que em diversos atos semelhantes – incluindo os que pediam a catraca livre do transporte público – nunca houve a liberação das catracas. A direção do Metrô, porém, afastou qualquer possibilidade de ato político na atitude, ainda na época do protesto do dia 15 de março.
“Como a Paulista estava abarrotada de gente, não tinha mais espaço para as pessoas saírem da estação e nós decidimos que não parariam mais trens a partir daquele instante na estação Trianon. Os acessos permaneceram fechados e, a partir daquele instante, todos os passageiros foram direcionados para as estações Consolação e Brigadeiro”, afirmou o dirigente do Metrô.
Controle de fluxo
Para Fioratti, se não fosse a chuva e o acúmulo de passageiros acima do normal, dificilmente os acessos seriam liberados. “O Metrô tem larga experiência na gestão de grandes multidões ou grande quantidade de passageiros acessando as suas estações (...). Precisamos ter um controle do número de usuários nas plataformas para que não haja nenhum tipo de tumulto e que os trens partam no tempo programado”, disse.
Quem utiliza o Metrô nos horários de pico já deve ter enfrentado filas enormes provocadas por escadas rolantes paradas ou pelo número reduzido de catracas. Segundo a empresa, essas são algumas das estratégias para que se diminua o tráfego de pessoas nas plataformas.
“A gente já faz isso há muitos e muitos anos e é uma atividade que, inclusive, é visada até por sistemas estrangeiros que operam metrô em outros países. Os usuários do Metrô já conhecem esse tipo de estratégia, é bem divulgada e entendida pelos passageiros”, afirmou o diretor.
Em casos de manifestações e eventos programados, o Metrô costuma se reunir com a Polícia Militar e com os respectivos organizadores para definir estratégias de escoamento. O mesmo deve ocorrer para o protesto do próximo domingo, 12 de abril, que – até segunda ordem – não deve ter nova liberação de catraca.
Veja o que foi comentado no Twitter no dia do protesto sobre a liberação da catraca:
Pras manifestações de agora: catraca liberada. Pras manifestações do MPL: bomba de gás lacrimogêneo e bala de borracha dentro do metrô.
— Renight (@re_apeixoto)
March 15, 2015
Não me conformo que liberaram a catraca no domingo
— nátali 174%cansada (@babaluhernandes)
March 18, 2015
Liberaram a catraca no metrô ontem em sampa, tudo para que o povo fosse "espontâneamente" as manifestações
— Cida Belo (@CidaBelo)
March 16, 2015
pra protesto de coxinha tem catraca de transporte publico liberada que massa
— pearl (@bunnythehuman)
March 15, 2015
Liberaram a catraca e dobraram a quantidade de trens? Nuossa, que eficiência esse metrô do Alckmim para com quem não precisa \o/ \o/
— Esquerda Festiva (@anilarocca)
March 15, 2015
Liberaram as catracas do metrô ... até ontem a galera tava apanhando e sendo presa por pular catraca ...
— Dandara Lima (@daanlima_)
March 15, 2015
Mas, como eu sou branca e esqueci meu bilhete único, MEREÇO catraca liberada pra não ter que pegar fila.
— Bea (@belowrenco)
March 16, 2015
Sério essa história que liberaram a catraca? Porque se for FALO MAIS NADA ='D
— Dizzy (@jaydizzy)
March 15, 2015
2 - A elite paulista, tal qual a elite de Paris, Londres e NY anda de metrô e ganha até catraca liberada.
— Gabriela Candido (@g_candido)
March 16, 2015
E AE PAULISTADA, A CATRACA DO METRÔ TÁ LIBERADA HOJE, DIA DE TRAMPO???
— Vinicius (@k_brau)
March 16, 2015
Alguém poderia esclarecer se o Metro ontem estava com a catraca liberada?
— Fernanda Senda (@fersenda)
March 16, 2015
até pq manifestação de esquerda sempre tem PM jogando bombinha de gás, batendo etc. manifestação de direita tem catraca liberada...
— lets (@dead_butterfly_)
March 16, 2015
2013: Tiro, gás, moça perde olho, polícia grita "NÃO VAI FECHAR A PAULISTA" 2015: Catraca liberada e PM tira foto com manifestante? Vlw viu
— Bruno Fonseca (@obruno10)
March 15, 2015
Curioso como a mídia e o governo estadual trataram o protesto de hoje... Até catraca do metro tava liberada. Muito curioso...
— Mr. Ambigus (@AugustoLP)
March 16, 2015