A chuva intensa que atinge o Rio Grande do Sul e Santa Catarina desde a semana passada deixa quase 50 mil pessoas fora de suas casas. Um homem de 40 anos está desaparecido desde sexta-feira em Jacutinga, no norte gaúcho. Segundo a assessoria de imprensa da Defesa Civil do Estado, mergulhadores do Corpo de Bombeiros fazem buscas a José Lindomar da Silva, que sumiu no bairro Nossa Senhora Aparecida, onde morava, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 7.665 pessoas precisaram deixar as casas e 62 cidades foram atingidas, segundo boletim das 7h desta segunda-feira. Até o momento os municípios de Alpestre, Cristal do Sul, Chiapetta, Irai, Vicente Dutra, Barão do Cotegipe, Erval Grande, Porto Lucena e Pinheirinho do Vale encaminharam para a Defesa Civil a solicitação de homologação do decreto de emergência. Já Caiçara, Cerro Grande, Criciumal, Derrubadas, Getúlio Vargas e Tiradentes do Sul informaram a situação de desastre para o governo federal.
No final de semana, uma Central de Comando da Defesa Civil foi instalada na sede da prefeitura de Frederico Westphalen para auxiliar as cidades atingidas no norte do Estado, região mais afetada. O local orienta desde sábado os municípios das regiões do Alto Uruguai, Norte, Celeiro, Noroeste, Fronteira Noroeste e Missões, facilitando aos gestores municipais a elaboração do processo necessário para a decretação de situação de emergência, e atende às demandas de materiais encaminhadas pelas prefeituras.
Uma reunião de trabalho emergencial ocorre na manhã desta segunda-feira, no Palácio Piratini, com todas as secretarias e órgão estaduais que estão agindo na recuperação dos municípios atingidos por enchentes e no auxílio às comunidades. Além da ajuda humanitária, a reunião, comandada pelo governador Tarso Genro (PT), dará seguimento às ações já tomadas para a desobstrução e restauração imediata de vias, pontes e moradias, assim como as medidas de apoio a agricultores e pequenos empreendedores, principalmente no norte do Estado, que registra a cheia do Rio Uruguai.
Interdição da BR-158
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou na noite de ontem a interdição total da BR-158, na região de Santa Maria, devido a um desmoronamento no km 317, próximo à Garganta do Diabo. Segundo o órgão, há cerca de 100 metros de entulhos. Não há previsão de liberação da rodovia, que liga Santa Maria a Porto Alegre.
Para quem circula vindo do norte, a sugestão é o desvio pela BR-285 em São Luiz Gonzaga, e seguir então pela BR-287, em Santiago. Para o sentido capital-interior, a opção é a BR-290.
Em Santa Catarina são 41,7 mil fora de casa
De acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina, até o início da noite de domingo 41,7 mil pessoas precisaram deixar suas casas. São 39 municípios que tiveram algum tipo de influência com as chuvas. Desse número, 15 já informaram a Defesa Civil sobre o decreto de situação de emergência: Palmitos, Joaçaba, Itapiranga, Águas de Chapecó, Videira, Herval do Oeste, Capinzal, Presidente Castelo Branco, Lageado Grande, Piratuba, Planalto Alegre, Itá, Irani, Rio do Sul e Cordilheira Alta.
Ontem, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e o secretário de Estado da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, sobrevoaram a região de Rio do Oeste e Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. “Nós chegamos no limite da enchente. Aqui no Alto Vale temos cinco municípios que foram mais atingidos. Agronômica, Rio do Sul, Laurentino e Taió e Rio do Oeste. Daqui um ou dois dias deve começar ser contabilizados os danos”, disse.
Segundo Colombo, essa é terceira vez que Rio do Oeste, no Alto Vale do Itajaí, é afetado por cheia em 2014. “Nosso apoio total para nós ajudar todos a superar mais essa dificuldade. Tivemos duas grandes enchentes este mês. Sobrevoamos Rio do Oeste que foi duramente castigado esse ano. Temos uma preocupação com o El Niño que continua apresentando aquecimento no oceano Pacífico. Isso é uma perspectiva de muita chuva para agosto, setembro. Nós estamos monitorando e nos preparando para proteger todas as pessoas e na expectativa de que essa realidade, essa previsão mude para melhor”, enfatizou.
Segundo a Agência Espacial Americana (Nasa), o volume de precipitação sobre Santa Catarina foi considerado uma das maiores do mundo, no período de 72 horas que antecede as 22h40 de quinta-feira. O volume de chuva de chuva em três dias foi superior aos 225 milímetros, segundo leitura do satélite Tropical Rainball Measuring Mission (TRMM). Já a estação meteorológica automática, administrada pela Eagri/Ciram, o acumulado foi de 300,8 milímetros. O índice perdeu apenas para Scoresbysund, na Groenlândia, com 478 milímetros.
A quantidade de chuva colocou Santa Catarina com o maior registro de precipitação da América Latina. Já a estação meteorológica automática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Joaçaba, no meio-oeste, registrou 202 milímetros no período.