Cidade armada: Prefeitura de SP triplica gastos com fuzis para GCM

Prefeitura gastou R$478.451,96 com compras de armamento em 2023

15 mar 2024 - 16h36
Prefeitura de SP triplicou gastos em armamento para GCM
Prefeitura de SP triplicou gastos em armamento para GCM
Foto: Reprodução/Prefeitura / Perfil Brasil

A Prefeitura de São Paulo triplicou os gastos com fuzis para a GCM nos últimos três anos, informa a GloboNews. As compras acontecem desde 2021, ano em que o órgão adquiriu 11 fuzis por R$ 128.365,16. Em contrapartida, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana comprou 41 fuzis em 2023 por R$ 478.451,96.

Portanto, no decorrer de três anos, a Prefeitura separou R$ 2.474.439,96 para a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Além dos fuzis, foram compradas outros tipos de armas de grosso calibre, como espingardas e carabinas. Muitos desses instrumentos são utilizados em zonas de guerra.

Em nota, a GCM respondeu que os equipamentos são permitidos por lei para as Guardas Municipais quando justificados por estudos sobre novas tecnologias. Cada agente tem direito a uma arma institucional. A capital paulista possui 7.074 agentes, dos quais 5.343 são homens e 1.731 mulheres.

As últimas contratações aconteceram em julho de 2023, após a inclusão de mil candidatos aprovados em concurso. Mais 500 guardas seguem em formação ma Academia de Formação de Segurança Urbana (AFSU), com previsão de atuação até o fim de março.

Segurança pública

Uma nova pesquisa do Datafolha indicou que a segurança é o principal problema de São Paulo para 23% dos moradores. Similarmente, o levantamento "Raio-X dos Profissionais de Segurança Pública" do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que as forças policiais estaduais diminuíram. Isso forçou os prefeitos a investirem em guardas municipais.

De acordo com o estudo, o Brasil apresentava 434.524 policiais militares ativos. Em 2023, o total foi de 404.871, firmando uma queda de 6,8% em dez anos. Por outro lado, o número de GCMs subiu 23,5%, de 1.122 para 1.467. A conclusão do estudo foi que as prefeituras têm assumido a função de garantir segurança pública, originalmente do governador eleito. Consequentemente, os investimentos municipais são menores que os estaduais e federais.

" É um movimento natural por conta da pressão que os prefeitos cada vez mais sofrem para dar respostas para o problema do crime, da violência. Então me parece uma decisão muito pragmática no sentido de não tem policiamento suficiente e assim a gente tem esse crescimento das Guardas Municipais ao longo da última década", explicou a diretora-presidente do FBSP, Samira Bueno, ao G1.

Heranças passadas: do Exército à GCM

Para o gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, o uso de armamento pesado não é algo pontual e tampouco deve ser visto como tal. O especialista, em entrevista ao G1, relacionou a decisão à gestão de Jair Bolsonaro. Segundo ele, uma resolução do ex-presidente diminuiu o controle do Exército sobre o controle e a fiscalização do aparato do poder público.

"É uma excrescência a GCM de São Paulo ter um armamento como esse, de confronto. A atividade fim da Guarda Civil é dar apoio à segurança pública e preventivo para cuidar dos bens da Prefeitura, mas na prática a gente vê a GCM querendo virar Polícia Militar", elaborou.  "Estamos usando armas sem controle"
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