Os turistas que estivem em Brasília neste sábado encontrarão o Congresso Nacional de portas fechadas. Por causa dos protestos que devem ocorrer paralelamente às comemorações pela Independência do Brasil, as visitas guiadas, que atraem uma média de 1,4 mil pessoas por fim de semana, serão suspensas e a segurança dentro e fora da sede do Legislativo será reforçada, tanto no Senado quanto na Câmara.
Black Blocs prometem badernaço pelo País no dia 7 de Setembro
Segundo informou à Agência Brasil a chefe do Serviço de Programas Institucionais e Relacionamento com a Comunidade da Câmara dos Deputados, Deborah Achcar, não só as manifestações preocupam. "Em um dia como o 7 de Setembro, mais de 2 mil pessoas costumam vir ao Congresso, mas historicamente grande parte delas vêm só em busca de banheiro e água", explicou.
Ainda segundo Deborah, com um número tão grande de pessoas, não é possível garantir a segurança de turistas, do patrimônio e um bom serviço, por isso a visitação será interrompida nas duas Casas do Legislativo. No ano passado, com funcionamento normal, a data atraiu 1.384 pessoas.
Caso não sejam registrados incidentes com as manifestações previstas para este sábado, a expectativa é a de que a visitação no domingo ocorra como de costume: das 9h30 às 17h, com saídas a cada meia hora.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.