Nas últimas semanas, a cidade de Porto Alegre viu surgir a polêmica das corredoras nuas ou "peladonas". Como surgidas de combustão instantânea elas foram vistas completamente desnudas em público atraindo a atenção, julgamentos, dúvidas e hipóteses mirabolantes, pelo menos em relação ao último caso ocorrido no centro da cidade. Isso fez com que muita gente suspeitasse de uma ação viral de alguma marca ou campanha, como se viu com o enterro do Bentley (automóvel de luxo) do playboy Chiquinho Scarpa, que nada mais era que uma campanha pela doação de órgãos.
Quando uma ação dessas é bem feita é muito difícil, até para um especialista, identificar se é algo verdadeiro ou não. O que restam são as hipóteses e “indícios que podem fazer com que a gente levante a hipótese de que possa ser uma ação viral pelo enquadramento das fotos... uma coisa que não parece ter sido ao acaso, algumas coisas que olhando a imagem dá para levantar essa suspeita como muitas pessoas estão fazendo (...) Se for uma campanha viral está em fase de teaser (inicial) e se tiver alguma marca por trás, ela deve ser revelada dentro de um contexto de história logo adiante”, explica o professor de Consumo, Marcelo Aimi, do MBA de Gestão de Comunicação com o Mercado da ESPM-Sul.
Uma campanha viral, na realidade, é fruto de algo chamado no meio da publicidade e do marketing como ação de guerrilha, que é feita em local público de forma criativa e com orçamento baixo, que chama atenção principalmente da imprensa. A partir disso começa a viralização e aproveitando essa popularidade é revelada a marca e “as pessoas seguem compartilhando por ser uma ideia inovadora, que chama atenção, que as pessoas gostaram e compartilham de uma forma que a gente chama de ponto a ponto, via mídias sociais, quando as pessoas acabam compartilhando o conceito da marca”, explica Aimi.
O melhor exemplo é o do enterro Bentley de Scarpa, avaliado em R$ 1,5 milhão. No dia do funeral, o playboy revelou ser uma campanha para a doação de órgãos, realizada pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. “Quantas pessoas são enterradas com seus bens precisos?”, indagou no dia em que foi revelada a campanha.
“As pessoas reagiram de uma maneira muito negativa, brigaram com o Chiquinho nas redes sociais, virou um assunto muito polêmico, causou um buzz em cima do assunto. Ele marcou o dia par ao enterro do Bentley e acabou revelando que se tratava de uma campanha de doação de órgãos”, lembra o professor.
Mas, mesmo que não seja propriamente uma ação viral organizada por alguma empresa, agências de publicidade pegam carona na popularidade. “Provavelmente já tem alguns colegas pensando em como fazer um anúncio de oportunidade, que é algo bem comum na publicidade. A ação não é minha, mas a agência da Sundow (marca de bronzeadores) poderia fazer isso, ‘pode correr nua, mas não esqueça do protetor’... mas provavelmente alguém já esteja pensando nisso”, avalia.
No entanto, mesmo que se venha a confirmar que a corredora nua de domingo tem relação com uma campanha, os dois primeiros casos de nudez ocorridos em Porto Alegre não teriam relação, já que foram atendidos pela Polícia Militar, com ambas as mulheres encaminhadas para receberem atendimento médico.
Foram divulgadas no final da semana passada fotos e vídeos de uma travesti caminhando próximo ao Centro, mas sem confirmação de que eram imagens reais. No último caso, de domingo, a mulher ainda não foi identificada. Apenas uma testemunha viu o caso, um corretor de imóveis que trabalhava em um plantão de domingo.