As famílias que perderam suas casas em consequência do rompimento das barragens da mineradora Samarco, no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, vão deixar o ginásio onde estão abrigadas, em Mariana, e serão levadas para hotéis da cidade e de municípios vizinhos.
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“Por meio da Secretaria de Ação Social entramos em contato com todos os hotéis e estão sendo levantadas as vagas. Estamos com 500 a 600 pessoas [desabrigadas], se a cidade de Mariana não comportar em hotéis, vamos para Ouro Preto e Santa Bárbara, para que as pessoas tenham a dignidade que mereçam e isso vamos cobrar”, disse o prefeito de Mariana, Duarte Júnior.
Segundo Duarte, a Samarco está dando todo o apoio e os diretores se disponibilizaram a pagar a locação dos imóveis para essas famílias. O prefeito agradeceu ainda as doações e os voluntários que trabalham na organização e apoio aos desabrigados.
As barragens de Fundão e Santarém, da Samarco, se romperam na tarde de quinta-feira (6), inundando a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. O município de Barra Longa, distante 60 quilômetros do local da tragédia, também foi atingido.
Sobre as causas do rompimento, Duarte disse que isso ainda não foi confirmado, mas informou que alguns funcionários da mineradora relataram um certo abalo e movimentação no solo onde estavam trabalhando. “Mas é muito prematuro dizer que foi isso. Nós vamos acompanhar a fiscalização e, no momento oportuno, vamos cobrar para que cada um assuma suas responsabilidades”, afirmou.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que esteve no local da tragédia, disse que não haverá a necessidade imediata de recursos emergenciais, mas, segundo ele, assim que passar a situação de socorro às vítimas, serão providenciadas a recuperação das estradas que foram e pontes destruídas. “Cada coisa a seu tempo, agora vamos localizar os que estão desaparecidos e fazer inventário dos danos”.
Ministério Público
O promotor de Justiça de Mariana, Antônio Carlos de Oliveira, disse que uma equipe de técnicos do Ministério Público de Minas Gerais, com um perito em barragens, sobrevoou a área e está cuidando da avaliação específica dos danos ambientais, se há alguma medida técnica emergencial a ser tomada, para, após as avaliações, verificar as causas e a responsabilidade do desastre.
“O Ministério Público está atuante nas duas áreas [do dano ambiental e do atendimento às vítimas] e, assim que tivermos os elementos mínimos necessários, vamos entrar com ações judiciais, se for o caso. Acho que não vai ter necessidade, pelo que eu, já há 20 anos em Mariana, conheço da postura da empresa. Não estou defendendo a empresa, estou defendendo o passado que eu tenho com ela. E todas as vezes que ouve dano ambiental, e não é a primeira vez que a Samarco causa danos ambientais, a empresa se prontificou a solucionar o problema sem a necessidade de ingresso de ação”, disse Oliveira.
Segundo o promotor, o último laudo recebido sobre a situação técnica da barragem, feito há um ano e meio pelo órgão ambiental, indicava que ela estava em perfeita situação. “O licenciamento ambiental prevê o risco e as situações caso haja o rompimento da barragem. Se houve ou não o implemento dessas situações de emergência, é isso que estamos apurando lá”.