‘Desproporcional seria usar armas letais’, diz PM do Paraná

Manifestação contra mudanças em leis trabalhistas terminou com tiros de borracha, bombas, pedras e 170 feridos

30 abr 2015 - 12h32
(atualizado às 13h00)
Manifestante usou máscara para se proteger do gás lançado pela Polícia Militar
Manifestante usou máscara para se proteger do gás lançado pela Polícia Militar
Foto: Agência Paraná

A Polícia Militar do Paraná afirma que não houve uso desproporcional de força no protesto de professores que deixou 170 feridos em Curitiba nesta quarta-feira. "Desproporcional seria usar armas letais", argumentou à BBC Brasil Márcia Santos, coordenadora de imprensa da PM paranaense.

"O uso da força foi progressivo. Se você olhar as imagens, primeiro, os policiais estavam totalmente pacíficos olhando tudo. Foi gradativo", diz a porta-voz.

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Segundo a prefeitura de Curitiba e a Secretaria de Segurança Pública do Estado, 20 policiais e 150 manifestantes ficaram feridos em frente à Assembleia Legislativa. No confronto, policiais usaram, segundo Santos, "gás lacrimogêneo, bomba identificadora e tiros de bala de borracha".

Do outro lado, manifestantes atiraram paus e pedras. "Eles vieram preparados com máscaras contra gás e vinagre em lenços. Isso mostra a predisposição que eles tinham para o confronto", argumenta a PM. À BBC, pelas redes sociais, o professor Richard Orciuch afirmou que "este foi o dia mais vergonhoso da história do Paraná".

"Sou professor em Curitiba, onde tudo isso está acontecendo. Conheço gente que foi atingida por balas de borracha e respiraram gás lacrimogêneo."

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Em um post que viralizou nas redes sociais, uma professora aparece ensanguentada em uma foto. "Olhem o professor paranaense. Olhem, Beto Richa. Eu sou professora há 23 anos. Depois de 23 anos como professora é isso que eu mereço? Eu mereço uma bomba no rosto?”.

Na noite de quarta-feira, a PM informou que vai abrir inquérito policial militar 'para apurar a conduta dos profissionais envolvidos no confronto' com acompanhamento do Ministério Público do Paraná. Em nota enviada à imprensa, a seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse que a "democracia está de luto" e classificou a ação da PM como um "massacre".

“A Polícia Militar deve agir para garantir a integridade da população, não para executar o massacre que se presencia no momento”, diz o texto.

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Votação

Os manifestantes alegam perda de benefícios trabalhistas após a votação, a portas fechadas, de um projeto que muda as regras da previdência dos funcionários públicos estaduais.

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Protesto aconteceu em frente à Assembleia Legislativa do Paraná; confronto começou quando manifestantes tentaram ultrapassar barreira policial. De autoria do governador do Estado Beto Richa (PSDB) e aprovado pela Assembleia Legislativa, a medida diminui as contribuições do Estado sobre pensões pagas a servidores e pretende poupar ao governo R$ 1,7 bilhão por ano.

Pelo Twitter, o governador disse que "os direitos dos aposentados e pensionistas estão garantidos".

Por ordem judicial, a votação ocorreu sem a presença dos servidores afetados pela medida.

Desde o início da semana, a Assembleia Legislativa estava cercada pela Polícia Militar, em uma operação que só terminou nesta quinta-feira. O conflito começou quando a manifestação avançou em direção ao prédio.

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Black blocs

"Não estamos dizendo que foram os professores", disse à BBC Brasil a porta-voz da PM do Paraná. "A PM identificou black blocs infiltrados no grupo, agentes penitenciários e outras pessoas que tomaram o movimento dos professores para agitação."

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A reportagem questionou: "Mas dezenas de professores estão publicando fotos com ferimentos de balas de borracha nas redes sociais". Márcia Santos responde: "É porque insistiram em ficar próximos à zona de conflito".

Ainda segundo a assessoria da PM paranaense, a polícia utilizou apenas "armas não-letais, que não acarretam morte a ninguém".

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