Detentos do PCC mantinham cela de luxo em presídio paraguaio

Durante varredura, policiais encontraram televisor de última geração, cama box, geladeira, videogame e sistema de som

22 jun 2019 - 12h44
(atualizado às 13h34)

SOROCABA - Presos da facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) subornavam agentes para desfrutar de mordomias na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, na fronteira do Paraguai com o Brasil. Durante varredura realizada nesta sexta-feira, 21, policiais paraguaios encontraram uma cela VIP com televisor de última geração, cama box, geladeira, videogame e sistema de som.

O líder do PCC, Marcos Willians Camacho, conhecido como Marcola, em 2005
O líder do PCC, Marcos Willians Camacho, conhecido como Marcola, em 2005
Foto: JORGE SANTOS/ OESTE NOTÍCIAS / Estadão Conteúdo

Na revista, foram encontrados ainda cremes hidratantes, garrafas de uísque e ao menos dez telefones celulares. A cela tinha um banheiro confortável e moderno, incompatível com o padrão da penitenciária.

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Conforme o Ministério do Interior do Paraguai, a revista em presídios acontece depois da rebelião liderada por integrantes do PCC no último domingo, 16, que deixou 10 detentos mortos e outros 12 feridos, na Penitenciária de San Pedro, na província do mesmo nome.

Cinco das vítimas foram decapitadas, três tiveram os corpos carbonizados e duas morreram baleadas. As vítimas faziam parte do grupo do paraguaio Armando Rotela, o Clã Rotela, que detinha o controle do tráfico na penitenciária. Em guerra com facção local, o PCC já tem 400 membros em presídios paraguaios.

No presídio de Pedro Juan Caballero, a vistoria aconteceu apenas na ala ocupada por integrantes do PCC. A polícia apreendeu também porções de crack e cerca de uma centena de facas de vários modelos, parte delas de confecção artesanal. Foi apreendido um caderno com anotações sobre a movimentação de drogas dentro e fora da penitenciária, indicando que, mesmo presos, os detentos continuavam atuando no tráfico de drogas.

Conforme o comissário Nelson Alderete, que comandou a varredura, o serviço de inteligência da polícia paraguaia descobriu que os presos do PCC arquitetavam um plano de fuga. A quantidade de armas brancas indicariam que os detentos pretendiam render agentes e liderar uma evasão em massa dos presos. Os presos foram transferidos para outras celas e devem ser levados para um presídio de segurança máxima em Assunção, capital paraguaia.

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Desde 2016, o PCC está em guerra com o Comando Vermelho e grupos locais pelo controle do tráfico de drogas na fronteira. O Ministério da Justiça estima que cerca de 400 integrantes do PCC estão em presídios paraguaios. A pasta abriu processos para expulsar os membros que são procurados pela justiça brasileira por possuírem condenações pendentes no Brasil.

Em 2017, a polícia paraguaia descobriu uma ala de alto luxo construída pelo traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão no Presídio de Tacumbú, em Assunção. O preso que abastecia de drogas o PCC e o Comando Vermelho vivia em cela com cama king size, televisor de plasma, ar condicionado, frigobar, cozinha própria, biblioteca e sala de reuniões.

Pavão mandou construir um espaço até para cultos evangélicos no interior do presídio. A estrutura foi desmontada em dezembro daquele ano, quando o narcotraficante foi extraditado para o Brasil.

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