As forças de Segurança do Distrito Federal afirmaram nesta quinta-feira que manifestantes mascarados que estiverem participando dos protestos marcados para o ocorrer no 7 de Setembro em Brasília serão detidos até que se identifiquem. "O planejamento de segurança vem sendo feito há mais de 30 dias. Vamos agir com rigor. Os protestos acontecerão dentro do limite da legislação", explicou o comandante-geral da Polícia Militar, Jooziel Melo Freire. O comandante informou que a polícia revistará bolsas, mochilas e sacolas em todos os eventos.
Os eventos programados para a comemoração do feriado deverão reunir cerca de 150 mil pessoas em um raio de 5 quilômetros na área central da cidade, onde fica a Esplanada dos Ministérios. Pela manhã, estão sendo organizadas por meio das redes sociais diversas manifestações, com concentrações marcadas principalmente para ocorrer na praça do Museu Nacional da República, na Esplanada, próximo à Catedral.
A Secretaria de Segurança do Distrito Federal deslocará um contingente de 4 mil policiais militares, 320 bombeiros, 150 policiais civis e 110 agentes do Departamento de Trânsito (Detran) para atender ao fluxo de pessoas esperadas na capital e cuidar das alterações no tráfego de veículos. "É um efetivo compatível com a magnitude dos eventos, inclusive diante das manifestações que estão sendo anunciadas. A polícia vai assegurar que elas aconteçam de maneira pacífica, mas temos informações que haverá pessoas infiltradas para cometer atos de violência e vandalismo. Vamos coibir isso", disse o secretário de Segurança, Sandro Avelar.
Às 16h, a Seleção Brasileira joga um amistoso contra a Austrália no Estádio Nacional Mané Garrincha. A estimativa é que 68 mil torcedores compareçam. Na área do estádio, haverá um adicional de aproximadamente 2 mil policiais militares. "Além do apelo para que as pessoas não levem bolsas e mochilas, pedimos que não levem ao jogo objetos que atrapalhem a visibilidade dos torcedores e bandeiras com mastro, ou objetos que possam servir para agressão", disse o secretário Extraordinário da Copa, Cláudio Monteiro.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.