Em protesto, militantes do MST são proibidos de entrar em prefeitura na BA

Os manifestantes ligados ao MST não puderam entrar na prefeitura de Vitória da Conquista por supostamente portarem facões e foices

11 jul 2013 - 17h54
(atualizado às 20h21)
 Entrada foi barrada porque, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) portavam facões e foices
Entrada foi barrada porque, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) portavam facões e foices
Foto: Mário Bittencourt / Especial para Terra

Após percorrerem ruas centrais da cidade, parar o trânsito e obrigar o comércio e os bancos a pararem o serviço sob ameaças de invasão, manifestantes ligados a sindicatos, partidos políticos e movimentos sociais tiveram sua entrada na prefeitura de Vitória da Conquista (BA) barrada nesta quinta-feira.

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Os manifestantes, que reivindicam melhorias no transporte público, investimento em saúde e educação e rapidez na reforma agrária, foram impedidos de entrar porque, segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) portavam facões e foices.

Integrantes do MST, que faz parte da base de apoio à prefeitura local, comandada há cinco mandatos consecutivos pelo PT, eram maioria no protesto que reuniu, de acordo com organizadores, cerca de 2 mil pessoas. A Polícia Militar informou, contudo, que o número era de 1.200 manifestantes.

Após negociação, secretários municipais decidiram receber um membro de cada entidade que estava no protesto para uma reunião que começou por volta das 12h e não tinha horário para encerrar. A imprensa foi barrada de participar da reunião. 

Previsto para começar às 8h, a manifestação só tomou as ruas por volta das 9h30, quando os cerca de 500 militantes do MST chegaram para engrossar o protesto. “Precisamos de mais infraestrutura nos assentamentos e melhorias no transporte escolar”, disse o dirigente do MST, Valter Rubens Santos, 34 anos.

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Membros dos Sindicatos dos Bancários e da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) obrigaram bancos e o comércio a fechar e liberar funcionários para participarem do ato, mas poucos aderiram ao movimento. “Se não fechar, a gente invade”, bradava o presidente do Sindicato dos Bancários, Delson Coelho. 

“Meu horário de almoço hoje foi mais cedo”, brincou o comerciário Nicolau Teixeira de Abraão, 25 anos, que ao saber que não tinha ônibus circulando na cidade, pois, devido aos protestos, eles foram recolhidos às garagens às 9h, resolveu ficar no Centro e participar do protesto.

O autônomo Valdívio Bispo Rocha, 66 anos, que observava a manifestação enquanto caminhava na calçada, disse que não concordava com o protesto, pois “aí só tem pelego, gente que apoia o governo e depois fica fazendo manifestação”. Para ele, “o protesto deveria vir no voto”.

Na pauta local, os manifestantes tinham também como reivindicação a redução da tarifa de ônibus, atualmente em R$ 2,10; passe livre para desempregados e estudantes e melhorias na acessibilidade no terminal de ônibus local e nos pontos nos bairros da periferia.

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Em audiência recente na Câmara de Vereadores, para discutir melhorias no sistema de transporte público, o secretário de Mobilidade Urbana, Luis Alberto Sellman, anunciou que uma nova licitação para o setor foi concluída e que, até o dia 15 deste mês, a prefeitura já deve estar com os contratos firmados.

“A partir disso, o prazo para implantação efetiva do novo sistema de transporte coletivo urbano é de 90 dias. E daí, após 60 dias, iremos implantar um dos maiores benefícios para a população de Conquista, que é o bilhete único”, disse Sellman, negando depois haver possibilidade de aumento da tarifa de ônibus. 

Segundo a prefeitura, as possíveis melhorias no transporte público consistem em criar sistema de atendimento ao usuário 24 horas e implantar o bilhete único, onde o usuário poderá, dentro de um espaço de tempo determinado, pagar só um valor para pegar dois ônibus.

Greve geral

Milhões de trabalhadores prometem cruzar os braços e paralisar serviços fundamentais como bancos, indústria, obras, transporte público e construção civil em várias cidades. Entre as entidades que aderiram a paralisação nacional estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), além do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da União Nacional dos Estudantes (UNE). 

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Chamado pelos sindicatos de greve geral, o movimento - que pegou carona na onda de protestos que atingiu diversas cidades brasileiras em junho - é o quarto desse tipo em 190 anos, desde a Independência (7 de setembro de 1822). Em 2013, a novidade é a unificação dos sindicatos e movimentos sociais em uma pauta que cobra o avanço do Brasil. 

Veja a lista divulgada pela Força Sindical das cidades que devem participar do dia de paralisações:

ESTADO CIDADES
Amazonas Manaus
Alagoas Maceió
Bahia Salvador, Itabuna, Alagoinhas, Brumado, Caetité, Jequié, Camaçari, Nazaré, São Roque e Itabuna
Ceará Fortaleza
Distrito Federal Brasília
Espírito Santo Vitória
Goiás Catalão e Anápolis
Mato Grosso Cuiabá
Mato Grosso do Sul Campo Grande
Minas Gerais Belo Horizonte e Ipatinga
Pará Belém
Paraná Curitiba
Pernambuco Recife
Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Volta Redonda e Resende
Rio Grande do Norte Natal
Rio Grande do Sul Porto Alegre e Região Metropolitana
Santa Catarina Florianópolis, Criciúma, Itajaí e Chapecó
São Paulo São Paulo, Osasco, Santo André, Guarulhos, São Caetano, Santos, Barretos, Marília, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca, Santos, Sorocaba, São José dos Campos, Lorena, Araçatuba, entre outras.
Sergipe Aracaju

Colaborou com esta notícia o internauta Anderson Oliveira, de Vitória da Conquista (BA), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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